DATAS ESPECIAIS

Como minha história sempre foi pontuada pelo Cinema, não poderia esquecer-me das "Sessões da Tarde" daqueles doces tempos: toda Sexta-feira Santa, a Globo exibia O Rei dos Reis, com aquele hollywoodiano Jesus loiro e de olhos azuis do Nicholas Ray, naquela maravilha de Technicolor e de Cinemascope que até hoje impressionam... Hoje acabou a liturgia e já passam qualquer coisa (até Loucademia de Polícia IV eu já vi!), ultrapassada que parece ter-se tornado a época das "programações temáticas" (acredito que, hoje em dia, só a nada santa Record ainda mantenha a tradição, por causa dos "profetas do Apocalipse" da louca Universal, e exiba o longo e frio Jesus de Nazaré, de Franco Zeffirelli). Moderno esvaziamento dos reais sentidos da Páscoa: sem a ajuda da televisão, as pessoas acabam esquecendo tudo...
Minhas reminiscências de infância ainda me fazem estranhar o fato de ver hoje pessoas a farrear com bebedeiras e muita música alta (sem falar no ato de comer carne, "mortal" para os mais fervorosos): apesar de não ter vivido (e seja veementemente contrário a) os tempos duros da infância de meus pais, onde tudo era "pecado" nesta data, verdadeiro luto exagerado até para quem não comungasse – meu pai, por exemplo, eterno agnóstico não assumido, fala sobre o "peso" do período pascal até hoje... Talvez o certo seja mesmo nem mais desejar "Feliz Páscoa", mas só e tão somente "bom feriado", mais mundano assim mesmo, porque assim não se cria confusão com as mudanças naturais da vida terrena...
E falo tudo isso para cristãos ou não: a Páscoa dos judeus, por exemplo, é cheia de reflexões muito ricas e pungentes sobre o êxodo do povo hebreu do Egito, liderado por Moisés), para todos de uma forma geral: gosto da Páscoa como um renascer (ainda que não o faça com a intensidade com que talvez deveria), independentemente de religião. Gosto dos ensinamentos sábios de Jesus e da sua ressurreição (a fé eterniza)... Amo lembrar o momento solene das três horas da sexta, quando mamãe lembrava a morte do Filho de Deus (às vezes até o tempo colaborava, com raios e trovões justamente nessa hora!), e de lembrar das disputas pelos chocolates com o meu irmão (que hoje é ateu!)...
Gosto, até hoje, de assistir a todas as produções que retratem a Paixão do Cristo – apesar de não ter apreciado muito o filme homônimo de Mel Gibson, fragmentado e excessivamente violento, aqui vai publicada uma foto extraída do mesmo, com um Jesus mais perto da realidade... Gosto de me lembrar das Páscoas de outrora, com o meu saudosismo invadindo qualquer coisa que se possa chamar de fé...







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