ATUALIDADES

Atuante nas lutas contra as desigualdades e as intolerâncias, não só sociais como também políticas e religiosas, o Papa, falecido no último sábado, dia 2, conseguiu ser realmente grande, tamanha a dimensão e o respeito de sua figura, mesmo diante de não católicos. Porém, conservador ao extremo (Opus Dei?!) em muitos aspectos sociais e centralizador, colecionou críticas ao longo do seu papado. De qualquer forma, na minha doce ignorância da adolescência, eu quase cheguei perto dessa figura histórica: a rígida coordenadora da minha 8ª série, uma ex-freira rigorosa e cheia de julgamentos contra incautos alunos (de que eu mesmo fui vítima!) por causa de nada, também coordenou um grupo de alunos da minha escola para participar de alguns pontos da organização quando da passagem de João Paulo II e me recrutou para a missão – o que, obviamente, declinei de pronto em minha santa rebeldia!
Nunca fui dado a religiosidades! Mas confesso que, mesmo não sendo católico (meu religare, apesar dos tradicionais Batismo e Primeira Comunhão, não tem "filiação religiosa-partidária"), emocionei-me quando, ao chegar à casa de minha noiva, esta me anunciara que "o Papinha morreu"... Acho que assim muitos o sentiam, carinhosamente, especialmente diante de sua saúde frágil e de seu corpo idoso e debilitado das últimas aparições... Mas a minha emoção possuía um viés mais pessoal e remontava ao meu avô, morto no ano passado com quase a mesma idade que o Papa e igualmente depois de penosas e seguidas internações em hospitais – os dois, fisicamente, até guardavam traços físicos bem parecidos: o padre polonês lembrava mesmo o meu avô, de apelido Alemão quando jovem...
Infelizmente, meu avô não pôde despedir-se de mim; o Papa, pelo menos, pôde comunicar-se, ainda que em silêncio de agonia, por uma última vez com seu amado povo de irmãos, católicos ou não, tal como se deu no último dia 27 de março, na Praça São Pedro: sem poder articular uma palavra sequer, João Paulo, depois de completar sua missão até o fim de seus dias, despediu-se com um aceno, em meio às fortes dores, seguido do lento fechar das cortinas do terraço da Basílica de São Pedro... Então, a bênção, João de Deus!
(Dilberto Lima Rosa, www.dilbertolrosa.weblogger.weblogger.com.br - 'post' do dia 02/04/2005, revisitado)







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