Ponto Final (2005) é Crime e Castigo, de Dostoyévski (citado, inclusive, no filme, por meio de livros lidos pelo protagonista), com novas camadas. Melhor dizendo: é Crimes e Pecados, outro filme de Allen – por sua vez, adaptação livre e mais direta do romance do mestre russo, só que mais refinado e mordaz! Desta vez, a costumeira Nova Iorque aqui é substituída por uma Londres cinzenta e melancólica, porém linda e iluminada pela norte-americana Nola Rice, dourada e cheia de vida (Scarlett Johansson: sensual e perfeita): é ela quem faz com que o aparentemente pacato, porém ambicioso professor de tênis Chris Wilton (vivido por um oscilante Jonathan Rhys-Meyers, na onda das apostas do diretor em cima de novos talentos) saia dos eixos do seu frio relacionamento com uma rica herdeira inglesa. Com roteiro (do próprio diretor), edição e fotografia esmeradíssimos (injustamente ignorados pela Academia) e com uma interessante troca do costumeiro 'jazz' por árias de ópera, o filme é um Allen bem mais maduro e denso, com fortes críticas sociais – merecido sucesso mundial de bilheteria!Já Old Boy (2003) é trabalho que segue uma linha mais extravagante: é comercial, mas nada hollywoodiano; violento, mas estilizado e inteligente! Trata-se de mais um filme acima da média, baseado num mangá de sucesso, do diretor Park Chan-wook, com um Cinema mais ou menos popularizado por Quentin Tarantino nos últimos anos – não por acaso, ardoroso fã do diretor coreano: presidente do júri do Festival de Cannes de 2004, Tarantino chorou e se tornou o maior defensor desse filme para o Grande Prêmio do Júri. A louca história gira em torno de Oh Dae-su (o ótimo Min-Sik Choi), um encrenqueiro que vive metido em confusões até ser misteriosamente preso num quarto de hotel, com banheiro e televisão, por quinze anos: quem o prendeu ali? O que há de verdadeiro na sua vida? Quem poderá ajudá-lo a descobrir a verdade?
E, assim, é com essas e outras perguntas que acompanharemos, de forma imersiva, toda essa trama sórdida junto a esse estranho personagem, desde a sua estranha saída do cativeiro até um final bestialmente "redentor"... Segundo filme de uma "trilogia da vingança" (cuja primeira parte se deu em Sympathy For Mr. Vengeance, que, de acordo com boatos recentes, estaria com 'remake' confirmado em Hollywood, com Russel Crowe para o papel principal), o filme passa longe dos atuais balés estilizados e modorrentos do cinema oriental: é mais cru, cinema de rua, com soluções mirabolantes e um tanto quanto bizarras e/ou propositadamente forçadas (como a rápida adaptação do personagem à vida real), que, apesar das inclinações para coisas pesadas, como o incesto e o 'gore' (como corte de língua e polvo vivos sendo ingeridos!), vale a pena conferir, mesmo para aqueles não iniciados no "gênero" – que, neste caso, é extremamente difícil de definir...







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