Da esquerda para a direita, de cima para baixo: "Capitão Marvel" Shazam; Marvel(Miracle)Man; Capitão Mar-Vell; (primeira) Capitã Marvel (Monica Rambeau); Genis-Vell; Marvel Boy; (atual) Capitã Marvel; Capitã Marvel (Carol Danvers), interpretada por Brie Larson no filme atualmente em cartaz... É Marvel que engancha (e nem todos são da Marvel)! O pior é que tem mais... |
Pense rápido: quantos personagens dos Quadrinhos você conhece com o nome "Marvel"? Se você falou na poderosa da vez do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, em Inglês), a Capitã Marvel, em razão da superprodução de sucesso nos cinemas, ou só se lembra do antigo Capitão Marvel, há muito formalmente rebatizado de Shazam (com filme infantiloide e cômico pronto pra estrear em abril), tal como você e praticamente toda uma geração aqui no Brasil já o chamavam por causa do bem sucedido seriado televisivo exibido nos anos 70/80 (ou da bem melhor e mais fiel série animada da Filmation), esta postagem é especialmente dedicada ao incauto blogueiro de plantão, que precisa conhecer mais do quanto este vocábulo inglês - que significa "maravilha" em bom Português, corruptela de marvelous -, está presente no universo dos superpersonagens das HQs! E isso independentemente de editora: tanto faz se o tipo pertencer à DC Comics ou à "Casa das Ideias" Marvel, gigantes e "arqui-inimigas" do ramo dos Quadrinhos: tem alguém "marvel" em toda parte!
Capas das primeiras edições de cada personagem: qualquer semelhança... |
Para ser sincero, nunca vi no Shazam, da Editora Fawcett, todas essas "imitações" alegadas! Pelo contrário, sempre achei bastante criativa e inovadora a história do menino órfão Billy Batson (um achado: o herói surge a partir de uma criança, justamente o público leitor da época!), que se transformava num superpoderoso homem de olhinhos apertados graças a palavras mágicas ensinadas por um misterioso ancião - o conhecido grito SHAZAM!, composto pelas iniciais de uma conveniente miscelânea de personagens míticos e deuses greco-romanos: S, viria do bíblico rei Salomão, com sua famosa sabedoria; H, do semideus Hércules, de quem obteria a força; A, de Aquiles, pela coragem; do Z de Zeus, o maior do Olimpo, o poder; novamente A, do titã Atlas, confirmava seu vigor; e, por fim, M de Mercúrio, deus grego que garantiria a supervelocidade!
Imitações viriam depois, todas com o nome Marvel, e chupadas tanto do Super como do Capitão - como nesses dois exemplos nada dignos de nota, dois diferentes Marvel Boy, ambos da Timely Comics (futura Marvel): o primeiro (lançado em duas versões: 1940/1943), hoje esquecido no limbo das imitações, tinha poderes graças ao contato com a "múmia de Hércules" (!), com "sabedoria compatível à de Abe Lincoln" (!!); o segundo, de 1950, foi "criado" por um Stan Lee ainda jovem e desconhecido, como um terráqueo com superpoderes depois de enviado por seu pai, num foguete, que acabou caindo no planeta Urano... À exceção deste último (já rebatizado de "Cruzader" e "Uraniano", do elenco da Editora Marvel), o primeiro, bem como outras tolices de nomes e ideias similares, sumiriam completamente com o tempo!
Primeiro Marvel Boy: durou só esta edição até ser repaginado anos depois... |
Família unida... E com poderes maravilhosos!
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Infelizmente, não entenderia bem assim a National Comics (empresa que, junto à All-American Publications, viria a tornar-se a poderosa DC Comics anos depois): cansada de ver tantas cópias descaradas de seu super-herói maior encherem a burra de dinheiro de empresas rivais (mesmo o grande Will Eisner "inventou", para gananciosas micro-editoras, títulos como Wonderman - wonder... marvel...: "maravilhas" caçadas nos tribunais!), a editora do Super-Homem prensou a Fawcett Publications nos tribunais até que esta, esgotada pela pendenga judiciária e com os novos e cruéis tempos pós-guerra de vacas magras nas vendas de heróis poderosos, resolveu abandonar o barco e não mais publicou o infantilizado Capitão - que acabaria caindo no colo da futura DC, que, por sua vez, passou a publicá-lo nos anos 70, só que num "universo paralelo" ao do Super-Homem (a tal "Terra S")! Mas se engana muito quem pensa que a "Novela Marvel" termina aí... Este é só o seu primeiro capítulo!
Afinal, não foram somente os fãs do então Capitão Marvel que ficaram arrasados com o cancelamento da sua revista: a editora inglesa L.Miller & Sons faturava bastante com as vendas do recém-cancelado personagem da norte-americana Fawcett e não viu outra solução que a desonesta "criatividade" de lançar personagens "similares" logo em seguida às últimas historinhas do Capitão nas terras da Rainha... E assim surgiram, pelas mãos do jovem desenhista Mick Anglo, Marvelman, uma espécie de "plágio do plágio", em se considerando a pelega entre as editoras estadunidenses por causa do Super-Homem! Agora (fevereiro de 1953 - exatos 69 anos atrás), a magia era substituída pela "Ciência" e, gritando a palavra KIMOTA (atomic ao contrário...), Mick Moran, um garotinho pobre londrino, transformava-se no poderoso Marvelman, um super-herói adulto, loiro e de roupa azul com dois grandes Ms no peito, graças a experimentos de um cientista - que também providenciaria uma "família" para o novo grandalhão: os jovens sidekicks Marvel Kid e Young Marvel! A divertida imitação descarada só deixou de ser publicada em meados da década de 60, após a concorrência com as vendas de outros super-heróis americanos então recém-chegados - e, coincidentemente... de uma editora com o mesmo nome: a Marvel!
No entanto, com o carinho com esses personagens ainda vivo no imaginário inglês do comecinho dos anos 80, a inteligente e descolada HQ inglesa de antologias Warrior contratou um quase novato roteirista para reimaginar o Azulão inglês (sim, Marvelman; não o Super-Homem!) - e Alan Moore, bem antes de sua célebre Watchmen, criaria mais uma de suas obras-primas! Com as belas artes de Gary Leach e Alan Davis, numa espécie de graphic novel em capítulos, Moore não só recriou Marvelman, revisitando suas origens dos anos 50, como as atualizou aos duros e cínicos tempos da Era Thatcher, transformando as (des)venturas do agora desafortunado Mick Moran, com 42 anos, do que originariamente eram historinhas para pura distração infantil num intrincado arco cheio de metalinguagens e, para a época, novíssimos conceitos da Ficção Científica, como implantes de memórias, delírios psicóticos e ex-ajudantes de heróis se convertendo em vilões sociopatas!
Infelizmente, a editora inglesa de Warrior faliu antes do término daquele arco de histórias e Morre só retomou para a continuidade desses personagens mais de uma década depois, quando do seu lançamento nos EUA - agora rebatizado de Miracleman, a fim de evitar problemas com a toda poderosa editora norte-americana... a Marvel! Posteriormente seguido de outro renomado escritor e roteirista de Quadrinhos inglês, Neil Gaiman, num novo arco, o agora Miracleman acabou sendo novamente abandonado, numa grande disputa de direitos autorais - que acabaram, adivinhem só... nas mãos da Marvel (que relançou o material, no Brasil publicado pela Panini, assim incompleto, com promessas de novas histórias que nunca se concretizaram...)!
E, falando na editora homônima, naquele interregno entre os Marvels estadunidenses e ingleses, acabaria surgindo outro "maravilha" ainda mais poderoso nos domínios do Stan Lee - sendo ele próprio, o "Cara", o cocriador de uma jogada de marketing que acabou resultando no início do que viriam a ser as lucrativas aventuras espaciais da Casa das Ideias: com o nome Capitão Marvel no limbo jurídico e o sucesso dos seus primeiros grandes heróis (como Homem-Aranha, Hulk e X-Men), Lee rapidamente buscou criar algo com aquele nome, a fim de demarcar terreno sobre o título - afinal, nada mais justo que a Editora Marvel ter o seu próprio... Capitão Marvel!
E assim foi: em 1967, em parceria com Gene Colan, Lee lançou um herói que, apesar de ter demorado a emplacar (foram várias reformulações, com vários autores, como Roy Thomas e Gil Kane), acabou se tornando cult com o tempo, com a hoje famosa história do extraterrestre Capitão Mar-Vell, o famoso combatente da raça Kree "apelidado" de Marvel na Terra ("Santo trocadilho forçado, Batman!"), em eterna guerra contra o povo Skrull (aqueles eternos vilões com cara de lagarto), que acaba por se desvencilhar do seu planeta natal e se torna guardião da Terra em incríveis batalhas espaciais - inclusive contra certo Titã louco que desejava o Cubo Cósmico e as Joias do Infinito para dominar o Universo...
Pescou? Pois é: a saga desse herói tem tudo a ver com os novos blockbusters da Marvel, Capitã Marvel e Vingadores: Ultimato nos cinemas! Mas se engana quem pensar que ele participa de qualquer dessas (ou outras) produções... E mais uma vez se engana o incauto blogueiro de plantão ao pensar que a "Saga do Nome Marvel" - ou esta postagem - acabaria aqui! Ainda tem muito chão, por exemplo, pra trilhar sobre a Capitã Marvel Carol Denvers, cujos poderes como Miss Marvel (e posterior "Capitã") só apareceriam anos depois... E que tais poderes se dariam em razão do próprio Capitão Marvel, o primeiro "Marvel da Marvel" - que, nas mãos de Jim Starlin, viveria memoráveis aventuras nos anos 70, algumas bem similares ao velho "Capitão Marvel" Shazam, com o jovem Rick Jones, amigo do Hulk, "trocando de corpo" com Mar-Vell, à lá Billy Batson... Sequência de histórias esta que, a propósito, constituem o início da primeira graphic novel da Marvel, A Morte do Capitão Marvel, que estou lendo atualmente num encadernado, em dois volumes, da Salvat - onde podemos encontrar a primeira aparição de Thanos... Tantas coisas e ainda tantos Marvels pra tratar, que os Morcegos aproveitam agora os clichês editoriais dos famosos arcos das HQs marveletes e anunciam: a eletrizante parte final desta "saga" fica mesmo para a semana que vem!
Afinal, não foram somente os fãs do então Capitão Marvel que ficaram arrasados com o cancelamento da sua revista: a editora inglesa L.Miller & Sons faturava bastante com as vendas do recém-cancelado personagem da norte-americana Fawcett e não viu outra solução que a desonesta "criatividade" de lançar personagens "similares" logo em seguida às últimas historinhas do Capitão nas terras da Rainha... E assim surgiram, pelas mãos do jovem desenhista Mick Anglo, Marvelman, uma espécie de "plágio do plágio", em se considerando a pelega entre as editoras estadunidenses por causa do Super-Homem! Agora (fevereiro de 1953 - exatos 69 anos atrás), a magia era substituída pela "Ciência" e, gritando a palavra KIMOTA (atomic ao contrário...), Mick Moran, um garotinho pobre londrino, transformava-se no poderoso Marvelman, um super-herói adulto, loiro e de roupa azul com dois grandes Ms no peito, graças a experimentos de um cientista - que também providenciaria uma "família" para o novo grandalhão: os jovens sidekicks Marvel Kid e Young Marvel! A divertida imitação descarada só deixou de ser publicada em meados da década de 60, após a concorrência com as vendas de outros super-heróis americanos então recém-chegados - e, coincidentemente... de uma editora com o mesmo nome: a Marvel!
Versão criativa e original de um herói que
nasceu uma imitação...
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Infelizmente, a editora inglesa de Warrior faliu antes do término daquele arco de histórias e Morre só retomou para a continuidade desses personagens mais de uma década depois, quando do seu lançamento nos EUA - agora rebatizado de Miracleman, a fim de evitar problemas com a toda poderosa editora norte-americana... a Marvel! Posteriormente seguido de outro renomado escritor e roteirista de Quadrinhos inglês, Neil Gaiman, num novo arco, o agora Miracleman acabou sendo novamente abandonado, numa grande disputa de direitos autorais - que acabaram, adivinhem só... nas mãos da Marvel (que relançou o material, no Brasil publicado pela Panini, assim incompleto, com promessas de novas histórias que nunca se concretizaram...)!
Mar-Vell: excesso de invencionices cheio de altos e baixos |
E, falando na editora homônima, naquele interregno entre os Marvels estadunidenses e ingleses, acabaria surgindo outro "maravilha" ainda mais poderoso nos domínios do Stan Lee - sendo ele próprio, o "Cara", o cocriador de uma jogada de marketing que acabou resultando no início do que viriam a ser as lucrativas aventuras espaciais da Casa das Ideias: com o nome Capitão Marvel no limbo jurídico e o sucesso dos seus primeiros grandes heróis (como Homem-Aranha, Hulk e X-Men), Lee rapidamente buscou criar algo com aquele nome, a fim de demarcar terreno sobre o título - afinal, nada mais justo que a Editora Marvel ter o seu próprio... Capitão Marvel!
E assim foi: em 1967, em parceria com Gene Colan, Lee lançou um herói que, apesar de ter demorado a emplacar (foram várias reformulações, com vários autores, como Roy Thomas e Gil Kane), acabou se tornando cult com o tempo, com a hoje famosa história do extraterrestre Capitão Mar-Vell, o famoso combatente da raça Kree "apelidado" de Marvel na Terra ("Santo trocadilho forçado, Batman!"), em eterna guerra contra o povo Skrull (aqueles eternos vilões com cara de lagarto), que acaba por se desvencilhar do seu planeta natal e se torna guardião da Terra em incríveis batalhas espaciais - inclusive contra certo Titã louco que desejava o Cubo Cósmico e as Joias do Infinito para dominar o Universo...
Leitura de cabeceira atual. |
1 comentários:
Oi Dil, bela matéria sobre o imbróglio do personagem "Marvel" na história dos quadrinhos. Apesar do Shazam parecer "infatiloide" estou bastante curioso de ver nos cinemas. E sobre Capitã Marvel, digo, sem dó e piedade, é o pior filme do Universo Marvel nos cinemas. No máximo, empata com Thor e é un pouco melhor que Lanterna Verde (kkk). Só serve para fazer a ponte com Vingadores Ultimato e revelar alguns segredos desse universo cinematográfico.
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