Emparedado
Eu fico a me perguntar
Se esses aqueles olhos grandes e
transparentes
Por trás de minhas paredes
Por trás de minhas paredes
Algum dia poderiam
De mim esconder algo
De mim esconder algo
Em meio ao caos...
De repente, abro meu peito
E a imensa espessura
E a imensa espessura
Dessa espera sem resposta
Vai amurando
E me empurrando
Parede afora...
É quando percebo
O mato crescendo em volta
E a lua de sangue
Posta no alto
Por sobre a agonia
Por sobre a agonia
Enraizada.
Já havia somente uma ponta negra
Eclipsando
Quando ela, também parede,
Que nos divide
E separa longe,
Parecia também chorar
E querer luz
E querer luz
- Só então eu vejo as noites
Trocando os dias,
Tudo igual
Em meio ao caos...
Até a santa hora
De aqueles olhos grandes
Porem tudo pra fora,
Irromperem por entre os tijolos,
Iluminarem cá dentro esta sala
E nos moverem para longe daqui...
(Dilberto L. Rosa)
(Dilberto L. Rosa)
Novas Paredes
Até o crepúsculo de uma zona morta qualquer,
Para as novas penas
Pelos novos crimes
Que se repetirão
Por entre meus dedos calejados de
histórias banais...
Sem redenção mesmo nem da doce voz
Da musa que me serviu da forma mais
completa
Prenhe e plena de regozijo pelo que sou
Por baixo dos entulhos sujos
De um estado perpétuo suspenso no ar...
Sigo assim em meu castigo perene,
Seco e contínuo
Seco e contínuo
Até a doce morte de seu retorno,
Em que talvez me apresente seu novo poeta
Ao fim da fila de autógrafos
Do livro com estes versos
Que jamais lançarei
De minha clausura eterna
Com que já me acostumei...
(Dilberto L. Rosa)
(Dilberto L. Rosa)
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