terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ilha Magnética

Fellini é quem sabia das coisas: cena de meu filme favorito, Amarcord

Do alto de meus doze andares de altura vejo minha amada ilha de São Luís quase toda de minha varanda privilegiada... Mas me chamou mais atenção neste feriadão em casa uma escola municipal quase vizinha de meu condomínio: em sua quadra, hinos de louvação a soldados e pátria eram entoados enquanto os pobres meninos, como autômatos, ensaiavam uma marcha, acredito que para os desfiles da Semana da Pátria... Mas que coisa mais reacionária esta fascista ideia de tropas vistoriadas pelos nossos esvaziados e sonolentos políticos em palanques ensolarados pelo tórrido clima de baixo da linha do Equador - onde, se não existe pecado, parecem nunca deixar de existir tolas referências ditatoriais a um país sem memória e sem identidade!... Independência de quê?!


Bandeiras e fronteiras: pendão ludovicense e ilha de Upaon-Açu ("ilha grande" em bom tupinambá) fotografada por mim numa de minhas viagens de volta de Krypton...

E senta que lá vem mais História: franceses fundaram (Forte de Saint Louis) e quiseram colonizar (França Equinocial, com mais sorte no projeto da Guiana), os Tupinambás até deram uma força, mas Alexandre Moura e os portugueses chegaram e reclamaram o que era "seu", a ilha de Upaon-Açu... De um forte, cresceu cidade em torno do açúcar e seus azulejos e sobradões alimentam a poesia de qualquer um que visite aqui com o coração aberto: minha cara São Luís completa hoje 397 anos!

É sabido e notório que aqui, infelizmente, ainda faz parte de um feudo coronelista de informações controladas e atraso político de décadas pedetistas (de oposição ao bigodudo!), mas, acima dos problemas sociais e estruturais (o pouco mais de um milhão de habitantes vem se espremendo em suas ruas e avenidas estreitas e calçadas quebradas, cheias de carros novos e ambulantes sedentos e becos com cheiro de urina) e das ladeiras e dos telhados cheios de História, existe uma cidade suspensa repleta de encantos etéreos e eternos, tudo embalado a bumba, tambor e 'reggae' num forte e úmido calor cheio de sabores quentes em sensuais peles morenas... Salivemos juntos numa história de lendas quentes e sem fim por mais séculos e séculos...

Em São Luís

Pois só por cima
de teus telhados
eu respiro
A brisa de saudade
que não sei explicar
De onde vem, para onde vou
– minha cabeça em giro
Por sobre a cidade-tempo
suspensa no ar...

(Dilberto L. Rosa, 2007)



Pescando corações desavisados: quem provou, não quer deixar; quem ainda não veio para cá, não vê a hora de sentir esta gostosa brisa cálida entre as palmeiras de bem-te-vis e sabiás... Para Sérgio Ronnie, o Degredado-Mor, que foi e voltou e que agora aqui sentou praça, completando nessa semana, quase junto à cidade, mais uma primavera...
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7 comentários:

Rafael Sperling on 12 de setembro de 2009 às 19:11 disse...

Te achei no blog da Érica!
Depois vou dar uma olhada com mais calma...
Abraço

Thais Lopes on 13 de setembro de 2009 às 01:55 disse...

parabenize sua cidade por mim...
bom fds

Jens on 14 de setembro de 2009 às 16:04 disse...

Oi Dilberto.
Um pouquinho atrasado, mas Viva São Luis e Fora, Sarney!!!

Um abraço.

Magui on 15 de setembro de 2009 às 13:23 disse...

Não importa se tem defeitos, mas as belezas e qualidades, inclusive as que estão nas fotos ( para mim). O dia em que ficarem livres dos Sarneys será uma grande dia.

Ilaine on 16 de setembro de 2009 às 03:25 disse...

Dilberto!

Obrigada pela visita em meu blog. Espero que tenha gostado e que volte mais vezes. Quanto a mim, adorei tudo aqui. Parabéns!

Abraço para você e em sua amada ilha de São Luís!

Passageira on 16 de setembro de 2009 às 09:50 disse...

Tou te achando cada vez mais poesia - em prosa e em verso. Gosto tanto disso!
É bom ver uma cidade pelos olhos de quem a ama. Seu olhar, juntando-se a outros que tb amam São Luis, traçam o perfil de um povo que ama e resiste! Assim somos nós, brasileiros de norte a sul, né?
E ainda tem versos que encantam!
Beijoconas

Ines Mota on 19 de setembro de 2009 às 20:26 disse...

Oi, Dilberto!
Que lindo poema, menino!
Beijos

 

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