Mas o cancelamento a que me referia no início desta croniqueta não foi o do antigo seriado, produzido entre 1983 e 1985 pela Filmation (a mesma produtora de “clássicos” como Super-Amigos e Tarzan – este último bem parecido com os “modelos” de He-Man), mas, sim, o que a Record, no lastro de saudosismo e/ou da falta de criatividade na TV brasileira (que comentei aqui no último ‘post’), “ressuscitou” por um tempo, recentemente, em sua programação atual (primeiramente aos domingos; depois, semanalmente)! Nem preciso dizer o quanto de emoção um “velhote” de 30 anos como eu, que até hoje tem guardado os bonecos He-Man e Esqueleto em sua coleção, sente ao rever nos dias atuais um produto genuíno dos anos 80 da minha infância...
Popularmente intitulado He-Man e Os Defensores do Universo no Brasil (He-Man e Os Mestres do Universo no original – mas, afinal: quem seriam os tais “mestres”? Todos os que “guerreavam” em Etérnia, tanto os do “Bem”, como os do “Mal”), o desenho que virou febre nacional, apesar das sérias restrições orçamentárias (foi o primeiro “desenho independente” da TV) e fortes limitações de movimentos (um recurso interessante para driblar o problema foi o aproveitamento de cenas repetidas para personagens diversos, baseados, por sua vez, em movimentos de atores reais, como a "corridinha" de He-Man ou o seu famoso pulo “de costas para a câmera”, ambos aproveitados até por Teela).
Basicamente, a reinvenção do gênero “guerreiro/feiticeiro” (então revigorado pelo sucesso de Conan nos cinemas), a ótima trilha sonora e uma boa dose de criatividade, ávida por driblar a censura a qualquer tipo de violência nos desenhos (tanto que até um psiquiatra tinha contrato fixo para escrever as “lições de moral” de cada episódio!), traçaram o sucesso dos personagens criados para vender os bonecos da linha homônima da Mattel (no Brasil, distribuídos pela então absoluta Estrela).
Nunca fui fã de nenhuma outra versão dos guerreiros de Etérnia (especialmente da sofrível “adaptação” para o Cinema, com... Dolph Lundgreen!), apesar de reconhecer o mérito da versão animada dos anos 2000 (exibida recentemente pela Globo): só consigo acompanhar com o mesmo entusiasmo de outrora as antigas estórias desenvolvidas nas duas temporadas em que o programa foi ao ar nos anos 80... Tanto que cheguei a comprar recentemente os ‘boxes’ com a primeira temporada completa (com direito à dublagem original, mais os episódios da basbaquice She-Ra, em embalagem especial em forma de lata, com ‘cards’ e camiseta tamanho G) e, vez por outra, assisto a um episódio, mesmo reconhecendo certo “envelhecimento” na idéia toda (algumas estorinhas soam hoje muito ingênuas, tendo servido apenas para divulgar algum acessório de brinquedo novo da época)... Tal como um amigo meu mais velho revê National Kid em seus DVDs...
Mas fã é assim mesmo: sabe de cor um monte de coisas a respeito e veste a camisa do herói de infância - e, literalmente, a roupa do personagem, como quando eu tinha 7 anos e minha querida mãe confeccionou uma fantasia (coisa inédita naquela época nas lojas)! Sem esquecer as dúvidas eternas, que até hoje me atordoam: se He-Man é o “homem mais poderoso do Universo”, por que ele gemia mais que o Gustavo Küerten para levantar um tronco de árvore? Quais são os “segredos de Grayskull” que tanto seduzem o Esqueleto – seria a resposta à questão de como a Feiticeira, sendo mãe verdadeira de Teela, tem os mesmos rosto e corpo (e que corpo!) jovens da filha (o que justificaria, por exemplo, o senhor da Montanha da Serpente desejar melhorar a aparência)? Como é que ninguém enxerga que o príncipe Adam e o He-Man são a mesma pessoa (só que mais bronzeada) – seria mais um "segredo de Grayskull”? E Esqueleto, que tudo vê naquela bola de cristal, por que nunca presenciou Adam se transformando em He-Man? É... Acho que respostas a estes e a outros questionamentos nem o próximo filme baseado no “Universo MU” (ou “MOTU” - Masters of the Universe), previsto para estrear em 2009, terá...
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