quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

1989

Encerrando a Semana Especial Antigas Ternuras, uma crônica do baú... 'Post' especialmente dedicado a João de Deus (que tinha o álbum de figurinhas do Roger Rabbit) e ao aniversariante Henrique Spencer (grande amigo de todos os cinemas):


1989

Parafraseando o título 1984, da brilhante obra de ficção-científica de George Orwell, as cortinas se abrem para ser exibido o meu primeiro “filme”: “O ano de 1989 – onde tudo começou...” É, daria um excelente título – e com direito a subtítulo! Ali, realmente, começaria todo um ciclo em minha vida...

Além de “ano de início”, 1989 também ficaria marcado como um período de término: não só uma das décadas mais profícuas do Cinema estava chegando a seu fim (juntamente com a década mais pop de todos os tempos), como também começava a esboçar-se o fim do entretenimento com qualidade artística nas telas de uma forma geral, “O fim da magia”...

Literalmente, minha infância fora marcada pelos desenhos animados da genial dupla Hanna-Barbera, pela primeira e única versão do Sítio do Pica-pau Amarelo e pelos programas educativos da Paula Saldanha ao longo de toda a década – já que, mesmo nascido em 77, só começo a ter noção de minha existência, em lembranças firmadas até hoje, a partir dos três anos de idade, tendo realmente “vivido” todos aqueles anos 80... Mas, apesar da forte ligação com a televisão, meu passado de até então ainda não havia sido envolvido nas teias inexoráveis da paixão pela Sétima Arte, a não ser pelas poucas visitas que fiz às salas de exibição, sempre acompanhado de minha mãe, para ver os brasileiros “filmes das férias”, os “blockbusters sazonais” da época: as produções dos Trapalhões.

Naquele tempo não eram comuns as inúmeras opções infantis a que as crianças de hoje têm direito! Assim, o “único dever cinematográfico” para os pais constituía-se em, pelo menos uma vez por ano, agüentar as intermináveis filas de dobrar quarteirão que se acumulavam às portas dos Cines Passeio e Monte Castelo – extintos, tal como todas as antigas salas, à exceção do Cine Roxy (que ainda resiste como cine pornô): o Cine Monte Castelo se converteu em imóvel de aluguel para Igrejas de ocasião e o Passeio foi demolido e refeito como loja de sapatos...

Decerto que a década apresentava filmes que, apesar de não serem infantis, possuíam em suas temáticas alguma coisa que sempre atraía o público infanto-juvenil, arrastando milhões de crianças e jovens de todas as idades, como a fábula de “E. T., O Extraterrestre”, as aventuras interplanetárias de “Guerra nas Estrelas”, a aventura recheada de comédia "Os Goonies" ou a comédia fantástica de “Os Caça-fantasmas”; ou ainda outros que, apesar de não conterem em suas películas nada que lembrasse o universo pueril, levavam multidões de menores de 18 anos para suas exibições, como os hits de terror jovem “A Hora do Espanto” e “A Hora do Pesadelo” ou a ficção/terror “Aliens - O Resgate”. Entretanto, nada surgia que me apetecesse, até então, ou a minha mãe, a sair de casa para apreciar, fosse por não ter crescido num meio apaixonado por filmes, fosse por não haver, à época, as maciças campanhas de 'marketing' que lastram atualmente um filme desde a sua fase de pré-produção, induzindo a todos a imergirem no grande mercado existente, praticamente obrigando pessoas de todas as idades a, pelo menos, tomarem conhecimento de um novo título em exibição.

Por tudo isso, somente em janeiro de 1989 é que “debutei” verdadeiramente nos cinemas – “cinema” com letra minúscula, como sala de exibição, diferentemente da arte Cinema –, já que antes só comparecia levado pela minha mãe...

O primeiro filme de que me lembro desta “nova era” de minha vida “mais independente” é “Uma Cilada para Roger Rabbit” (divisor de águas de Robert Zemeckis no gênero fantasia, merecido ganhador do Oscar de efeitos especiais, onde eram fundidas as imagens de atores às de famosos 'cartoons', tudo no mais genial estilo Looney Toones), a que fui assistir com João de Deus, amigo da então recém finda Quinta série.

Ainda não éramos completamente independentes, uma vez que fomos conduzidos de carro pelos pais dele até o Cine Alpha – que depois se tornaria Alpha I, em função da construção de uma nova sala naquele pequeno centro comercial chamado Júnior Center, e que, depois de fechado por alguns anos, em 1995 se transformaria na Sala I dos desqualificados Cinemas Colossal, também extintos –, mas acredito ter sido esta minha primeira sessão sem acompanhantes paternos, tanto que, nas minhas “memórias fellinianas”, aquelas que produzem um mundo paralelo da realidade em nossas mentes, lembro, mesmo que só fantasiosamente, como se houvesse somente crianças na sala de exibição!

Ao longo daquele ano, sucederam-se as “descobertas” dos filmes na televisão e nos cinemas, do mundo mágico dos vídeos quando da aquisição do aparelho de videocassete (quando passei a ver "atrasado" todos aqueles títulos citados no início desta crônica), a Sexta série, e, com ela, as grande amizades do início da juventude – como o amigo Henrique Spencer, que hoje faz 100 anos, digo, 31...
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1 comentários:

Unknown on 6 de dezembro de 2007 às 23:14 disse...

Valew pela homenagem Dilberto!!Bons tempos akeles, guardarei para sempre na lembrança!!

Abração!!
Falooows

 

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