- Ei, você não vai participar da reunião dos "amigos" de 1994?! |
Longe de desconsiderar qualquer deles ou mesmo o sentimento retroalimentado (ou seria "retrô alimentado"?!) pela maioria que ainda curte tais revivals - ou que ainda não descobriu que redes sociais são mero celeiro para o hiperconsumismo (graças às vaidades virtuais: fiquei muito pouco e estou fora faz tempo!), nada disso. Somente já fui uma vez a um encontro deles e foi o suficiente: tive uma ideia de como todos envelheceram (alguns bem mais coxinhas que outros...), dei tapinhas nas costas (e nas barrigas) de todos e relembrei piadinhas com prazo de validade mais que vencido (homofobia, racismo e otros preconceitinhos mas)...
E só: não temos mais 17 anos faz um tempão, não suporto as milhares de fake news, bem como as muitas fotos amareladas de gentes que nem lembro de outras salas, divulgadas à exaustão em seus atuais grupos de "amigos do Whatsapp" e, nesse "breve" interregno entre a formatura e hoje, ganhei casamento, 3 filhos, quase 20 quilos e perdi dinheiro, cabelo e uma porção considerável de saúde, passando por tantas outras coisas sem a companhia de nenhum deles - a não ser breves encontros esporádicos, de no máximo 5 minutos, pelos shoppings e supermercados aqui e acolá...
Entre rugas, cabelos brancos e muito botox, um registro recente em postagem de Rachel, digo, Jennifer Aniston. |
E olha que arrastaram o que puderam, mas não adiantou: entre sumiços de personagens marcantes (como os pais de Monica e Ross) e cansativas ênfases nos amadurecimentos do sexteto (à exceção de Joey, que, como alívio cômico de tanto dramalhão, ficou ainda mais "retardado", sendo o menos desenvolvido do grupo), os últimos episódios da série deixaram bem clara uma coisa: aquela época, quando "não se ficava o tempo todo olhando os celulares, atualizando o perfil no Facebook e pessoas se reuniam numa cafeteria pra conversar" (no preciso dizer de Jennifer Aniston, a Rachel), decididamente, ficou para trás, acabando a alma que unia esse pessoal - e justificava o seriado.
É só lembrar a velha canção de abertura e realizar uma boa catarse em relação ao que passou: I'll be there for you, cantavam os Rembrandts, no início dos anos 90, no famoso tema das "palminhas" - "Eu estarei lá por você", especialmente quando "seu emprego é uma piada, você está duro e sua vida amorosa morreu antes de começar"... E isso serve para todos, amantes ou não dessa série. Hoje, até dá para rever o que se foi - por meio de alguma foto digitalizada de nossa turma de adolescentes ou revendo os 236 episódios de Friends pela Netflix (coisa que terminei de fazer há cerca de um mês, coincidindo com suas bodas de prata); porém, mais do que isso, soa como forçar a barra para se manter uma essência que, inevitavelmente, não tem como ser revivida de outra forma...
E eu, depois das sérias desavenças pessoais sofridas em razão do tratamento dado ao meu caçula no mesmo colégio de "meus 25 anos", lá quero alguma roupa como recordação dessa escola?! Sem falar nos atualmente bolsonaristas de carteirinha que, há mais de duas décadas, eram só colegas de sala sem ideologia e que nos divertiam com tolas piadas de duplo sentido... E, por outro lado, será que esse povo hater de hoje, que já inventou inúmeros pseudofeminismos para atacar o segundo personagem mais legal da série (o primeiro era o Chandler!), Ross, vivido pelo esporádico David Schwimmer - pela rede, chamam-no de homofóbico e machista abusivo, quando, na verdade, entrou com a ex-esposa em seu casamento lésbico e aguentou inúmeras patifarias de sua idolatrada Rachel (que rompia e, em seguida, estragava cada novo relacionamento do cara)! -, estaria realmente preparado para um reencontro de tipos tão bacanas como o de Friends, este icônico seriado?
Tenho minhas dúvidas... Sem esquecer que o inteligente bom humor para tratar de assuntos sérios - como a difícil relação de Chandler (Matthew Perry) com seu pai transformista - bem poderia ser confundida com piada preconceituosa e todo o show acabaria por ser boicotado pelos fashion youtubers atuais... Pois é, os tempos são outros - e graças a Deus: as milhões de novas idas e vindas pelas vidas de amados personagens bem como de cada um de nós fora dos filtros do Instagram ou dos reduzidos caracteres do Twiter agradecem! Senão, estaríamos até hoje sendo os mesmos meninos começando a vida, morrendo de medo dela, do próximo emprego ou de qualquer novo esforço ou tentativa de ser feliz... Ou será que ainda o somos?!
Apesar dos gritantes erros de edição e de continuidade ao longo da série e das muitas tramas ruins ou arrastadas (especialmente as das últimas temporadas e aquelas que insistem nos flashbacks com cenas de outros episódios), Friends foi, sem dúvida, acima da média das sitcoms norte-americanas, com inúmeros episódios foram memoráveis... |
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