quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Dá pra continuar...?

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Acabando a criatividade ou dá pra seguir com novas temporadas de grandes seriados?
Quando anunciaram, no final do ano passado, que The Big Bang Theory (TBBT para os íntimos...) encerraria na seguinte 12.ª temporada, até se ensaiou uma "grande lamentação no mundo nerd" entre milhões de fãs pelo mundo e se escreveram algumas matérias sobre uma "lacuna" a ser deixada por Sheldon Cooper (cujo intérprete, Jim Parsons, decidiu não mais reviver o personagem) e seus amigos geeks. Tudo balela: já havia muito tempo que o seriado não explorava mais as deliciosas "nerdices" que caracterizaram as primeiras temporadas (as convenções, os games e os heróis aos poucos foram substituídos pelos relacionamentos amorosos de cada um) e as repetitivas piadas e o elenco cansado já não tinham mais a menos graça...

Sheldon Cooper em duas versões: a "legítima" (que soube
abandonar o barco...) e a desnecessária do spin-oof
Young Sheldon
 - que jamais me apeteceu...
Apesar de fã de carteirinha desde a sua estreia, pelo canal Warner Channel do Brasil, confirmei tudo isso com a insossa e arrastada última temporada, a que terminei de assistir recentemente depois de baixar via Torrent. Sinceramente? A sitcom durou muito mais do que deveria e Parsons, mais uma vez, acabou levando nas costas os últimos episódios num longo enredo estendido sobre sua caminhada rumo ao tão sonhado Prêmio Nobel, que, por sua vez, sequer serviu para resultar num grand finalle...


Resultado de imagem para la casa de papelInfelizmente, a falta de criatividade e os abusivos prolongamentos à exaustão também vêm fazendo parte do universo de muitas outras séries - em que, diferentemente do que se dá nos seriados, tem-se uma continuidade ao longo de cada temporada, onde episódios se convertem em capítulos e se é obrigado a acompanhar tudo para ver no que dá. Vide a tão alardeada terceira parte de La Casa de Papel, da Netflix: se eu já havia achado tudo extremamente estendido na segunda parte da "primeira temporada" (na verdade, dois grandes "blocos", um com 9 e o outro com 6 capítulos, ambos de 2017), o que dizer agora, quando os famosos assaltantes espanhóis com ideologia e propaganda heroicas se veem "obrigados a praticar um novo assalto por um de seus membros em perigo"... Com uma premissa dessas, típica daquelas sequências caça-níqueis dos anos 80, acabou me fazendo passar longe, podendo vir a dar uma "olhadinha sem compromisso" somente depois que lançarem a quarta parte (sim, para fechar esta "temporada", tal como se deu com a primeira parte)...

Resultado de imagem para 5th season black mirrorVoltando aos seriados - e aos problemas de exaustão de ideias -, a quinta temporada de Black Mirror vem confirmar esse ocaso televisivo (também da Netflix) ao apresentar-se como um "disco ruim": tão aguardado quanto aquele mais novo álbum da sua banda favorita, mas sem uma identidade própria, sem uma coesão entre as faixas - no caso, entre os episódios, uma vez que se trata de uma antologia de histórias independentes entre si... Assim, arriscando-se no formato (somente três episódios), esta última temporada sacramenta a má fase por que passa Black Mirror desde uma bem fraca quarta temporada (de onde se salvam somente Hang The DJ Black Museum) e um pífio longa, Bandersnatch, apoiado só e tão somente em sua cansativa nova forma de interatividade com o espectador! 

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Seguindo uma espécie de "ladeira abaixo" (do melhor episódio para o pior), tudo começa bem com a maestria de Striking Vipers (imagem ao lado) em combinar o bom e velho tema da tecnologia (agora em forma positiva) com difíceis discussões sociais (relações pessoais, fidelidade conjugal e homossexualidade). Já The Smithereens não só perde a oportunidade de ser melhor, ao debater a escravização das redes sociais, como também implode e se perde ao, simplesmente, não terminar a história (o roteirista-criador Charlie Brooker achou cool não concluir nada e encerrar "em aberto"!). Por fim, a sempre fraca Miley Cyrus oscila entre dramáticas autocríticas como fenômeno pop e a persona da "gata quente e de personalidade", terminando de enterrar a temporada numa comediazinha de aventura rasteira e sem personalidade...

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Papa don't preach: agora não é só a estética:
os anos 80 e todas as suas referências 
do gênero Sci-Fi ditam a temporada!
Felizmente, resta uma terceira - e boa! - variante: a terceira temporada de Stranger Things não deixou a desejar ao cumprir exatamente o que se esperava a essa altura do cultuado sucesso em torno dos seus personagens cativantes e das criaturas do mundo invertido, ou seja, mais do mesmo requentado num tom aventureiro e cômico - no melhor estilo de O Retorno de Jedi ou Indiana Jones e A Última Cruzada (não por acaso, ambas terceiras partes de sucesso da década de 80). Com adoráveis piadas interrompendo de forma absurda momentos de tensão (inesquecível a sequência do dueto com a canção-tema de A História sem Fim) e sem esquecer o Suspense e o Terror tipicamente oitentistas (e com forte apelo adolescente), ST3 aproveitou à perfeição o momento por que passa a maioria dos seus atores protagonistas, loucos por namoros e shopping center, e teceu uma deliciosa colcha de retalhos de tramas de "clássicos 80", desde comédias como Picardias Estudantis (ah, Phoebe Cates...) e De volta para o futuro (lançado em 1985, ano dessa temporada e homenageado num dos episódios) até ícones do Horror adorados por aquela geração, como O Dia dos Mortos, A Coisa, A Bolha Assassina e O Enigma do Outro Mundo (1982).

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Pôster de Enigma de outro mundo
(no porão de Mike desde a 1.ª temporada):
sua última refilmagem, de 2012 (prequel)
foi chamada de A Coisa no Brasil...
Aqui, um adendo: o título em Inglês de Enigma do Outro Mundo é The Thing, "A Coisa" - que, por sua vez, é o título em Português de outro filme da época, cujo original é The Stuff, aquele com o "bagulho" em forma de iogurte branco, na verdade um estranho ser alienígena que transformava todos numa espécie de zumbis... Premissa bem parecida com a de A Bolha Assassina (The Blob), em que um E.T. gosma vermelha cai na Terra e apavora uma cidadezinha! Curiosamente, todos esses filmes com coisas gelecosas, que tomam corpos humanos e os transformam em zumbis ou os tornam amálgamas de cadáveres sobrepostos, são refilmagens dos anos 80 de filmes dos anos 50, que criticavam, por meio da Ficção de Horror, as perseguições políticas nos EUA, na Guerra Fria travada com a Rússia... Algo familiar? Claro: tudo isso (acrescido de clássicos como Invasores de Corpos e Amanhecer Violento - e de uma divertidíssima versão russa de um "exterminador" Schwarzenegger), formam o próprio mote principal dessa terceira temporada de Stranger Things!

Em suma: mesmo sendo a melhor dentre as atualmente mais populares da vez (Dark já está na minha lista...), muito há pela frente para fazer valer a já confirmada quarta temporada de Stranger Things - como minimizar o "estilo Tarantino" de recortes de outros filmes do gênero e se voltar para o próprio e rico universo, respondendo, por exemplo, às muitas perguntas que permanecem suspensas desde quando começou, há 2 anos (fatos esses simplesmente ignorados ou nada aprofundados nesse terceiro segmento). Do contrário, se não se reciclarem os produtores e roteiristas em muita criatividade novamente, não haverá entidade demoníaca, nem saudosismo geek, repeteco de equipe de criminosos ou mesmo piadinhas com qualquer superdotado versado em tecnologias autocríticas que conseguirá garantir, por si só, continuidade eterna e lucrativa para série ou seriado algum - nem mesmo no mundo invertido...

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1 comentários:

Rafael Vinicius on 6 de maio de 2020 às 20:27 disse...

São serie muito boas, mas eu achou que ficou faltando algumas nessa lista. Dois homem e meio, Gotham city, Detex...

 

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