sexta-feira, 7 de junho de 2019

Dando sequência aos anos 80...


Um grande comercial para apenas um carrinho... Memorável e extravagante - a cara dos anos 80!

Há alguns meses, a internet brasileira "bombou" com algumas imagens que teriam "vazado" de bastidores de uma possível versão cinematográfica com atores, todos caracterizados à perfeição, da cultuada série televisiva Caverna do Dragão, sucesso absoluto nas manhãs da infância da minha geração. Desde a inteligente adaptação de um jogo de RPG (então desconhecido por aqui), passando pela ótima qualidade da animação de fantasia medieval, até as várias releituras feitas posteriormente a respeito (que tratavam de interpretar tudo como uma parábola entre o Céu e o Inferno, em que os protagonistas, de acordo com tal sandice, teriam morrido no parque e levados para "O Reino"!), inúmeras razões fizeram daquelas duas temporadas (1984/1986) um fenômeno cult no País (nos EUA, não houve tanto sucesso), até em gerações posteriores à minha graças a várias reprises ocasionais.

E, especialmente, pelo fato de a série ter sido cancelada antes de produzirem o tão sonhado último episódio, com a tão aguardada volta dos meninos guerreiros ao nosso mundo, alimentou-se, com o passar dos (muitos) anos, um sem-número de especulações sobre uma nova série de animações ou um filme em living action que finalizaria aquela saga em grande estilo. Por isso, nem preciso dizer do rebuliço que se deu no universo nerd graças à divulgação de tais imagens: finalmente se teria uma adaptação digna e com mais foco no excelente desenho animado do que no jogo e muito mais fiel e bem feito que os absurdos cometidos antes (Dungeons & Dragons: A Aventura Começa Agora e Dungeons & Dragons: O Poder Maior, nos anos 2000)!

Qual não foi a decepção, porém, quando se descobriu que tudo não passava de uma bem estudada jogada de marketing nacional: desde o "vazamento" seletivo e midiático, de fazer inveja ao dublê de ministro e juiz antipetista Sérgio "Conge" Moro, tudo foi milimetricamente feito como um grande teaser para um comercial de um lançamento automobilístico da Renault... Mas, se tudo não passava de uma grande fake news digna de orgulho para qualquer maluco bolsonarista, o mesmo não se podia dizer da peça publicitária (vídeo acima): tão esmerada na fidelidade para com os personagens e no respeito pelo imenso carinho dos fãs brasileiros da série infanto-juvenil, o ótimo comercial serviu para aplacar a raiva coletiva devido à miguelagem e, de quebra, reacendeu a vontade de ver algo semelhante no Cinema - ou mesmo na TV dos tempos modernos, das milionárias Netflix e HBO. 

Assim como em Caverna do Dragão, outro herói oitentista 
baseado na fantasia de mundos com cara de Idade Média 
ainda alimenta a nostalgia de inúmeros fãs!
Coincidentemente, o frisson tupiniquim em torno de um retorno de Caverna do Dragão foi acompanhado por outras bombásticas notícias de retorno oitentista em nível mundial: a confirmação de Os Caça-Fantasmas 3 (esqueça o time feminino: tudo recomeça numa cidade pequena e suas conexões fantasmagóricas com os protagonistas de 1984/89); o anúncio de um quinto filme de Indiana Jones pelos próprios Spielberg e Ford; e, ainda, a escolha do novo He-Man para o Cinema, fizeram muito marmanjo voltar no tempo... Só que agora é tudo verdade!

Longe de tecer qualquer tratado sobre o fascínio que os anos 80 e seus ícones exercem até hoje, mesmo para quem jamais os tenha vivido, acredito que a resolução de tal enigma se deu nesta semana, com a confirmação de retorno de outro eterno símbolo daquela década: Sylvester Stallone e o quinto longa do seu Rambo, alardeado com um eletrizante trailler (vídeo abaixo), recordou as memórias fascistas das brincadeiras com armas de muitos meninos daquela época (coisa ruim que anda voltando à moda atualmente...) ao retomar as origens do famoso veterano do Vietnã. Desde o título, Rambo - The Last Blood, o ator/roteirista parece querer fechar o ciclo começado com o excelente First Blood (no Brasil, Rambo - Programado para Matar, de 82), curiosa mistura de aventura com drama de crítica social, algo bem ao sabor daquela década despirocada, de duros tempos de recessão, porém coloridamente inconsequente e absurdamente gostosa - capaz, por exemplo, de misturar a reacionária e belicista Era Reagan com o melhor do então criado "filme de ação" e seus "super-heróis modernos", tônica acentuadamente presente nas sequências Rambo II - A Missão (85) e Rambo III (89).

Resultado de imagem para rambo V
Rambo: ontem e hoje... Quanta diferença!
First Blood, cuja tradução, "Primeiro Sangue", seria uma referência aos que primeiramente morrem numa guerra (ou, no caso, os que primeiro padecem em razão dela), foi um tremendo sucesso de crítica e público, fundamentando a bem sucedida carreira de Stallone, inciada anos antes com o muito bom Rocky (1976), e gerando continuações fracas e abiloladas, porém lucrativas. Agora, 11 anos depois do truculento, mas necessário, Rambo IV (para matar saudades da boa e velha ultra-violência oitentista...), John J. Rambo está de volta numa aparentemente pacata vida de rancho, no melhor estilo outonal do recente Logan e com toques de Gran Torino (de outro veterano, Clint "Dirty Harry" Eastwood), até ter que voltar à ativa pela última (?) vez, a fim de proteger uma família de inocentes...

Mas se engana quem pensa que este é o personagem com quem mais o velho Sly conviveu: na verdade, a pele já enrugada por sobre os esteroides e anabolizantes de longa data do septuagenário Stallone viveu por mais vezes o lutador Rocky Balboa, ao todo com oito encarnações - seis como protagonista e duas como coadjuvante, passando o bastão para o filho do antigo rival na nova cinessérie de Creed e Creed 2 (em que aparentemente se despediu definitivamente do grande pugilista da Philadelphia), passando, assim, para a História como o ator que mais vezes viveu um mesmo personagem no cinemão mainstream (obviamente desconsiderando outros cinemas, como o indiano ou o japonês e suas inúmeras produções)! Os outros recordistas? Em segundo lugar, Judi Dench como M (sete vezes "e meia" - graças a uma aparição em 007 contra Spectre, 2012); Roger Moore e Sean Connery como James Bond, Daniel Radcliffe como Harry Potter e Richard Englund como Freddy Kruegger (todos 7 vezes); e, em terceiro, Hugh Jackman como Wolverine e Carrie Fisher como Princesa Leia (ambos 6 vezes) - isso se desconsiderarmos as dezenas de participações especiais dos atores que incorporaram os super-heróis do amplo Universo Cinematográfico Marvel, o que já é outra história...

O certo é que, como o grande negócio que é, o cinemão já percebeu que, ao lado de outros novos nichos - como as intermináveis séries geeks de Star Wars e de filmes de heróis -, existe muita gente alucinada para entregar todo o seu dinheiro em troca de uma voltinha ao passado, em especial, aos clássicos cheios de fantasia criativa dos anos 80... De preferência, numa máquina do tempo tão genial como o DeLorean voador de outro clássico oitentista, De volta para o futuro (que bem merecia um revival)! Indiana Jones, Caverna do Dragão, Caça-Fantasmas, He-Man... Stallone agora se despede de seu segundo filho mais famoso, meio que demonstrando o que é que os anos 80 têm de tão sedutor depois de tanto tempo: a dificuldade de deles nos despedirmos em definitivo, porquanto algo deles jamais nos deixará, passe o tempo que passar...


Rambo: estripando pessoas desde 1982.. Até os 72 anos!
 

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