quinta-feira, 7 de agosto de 2008

"Ó, menina, vai ver nesse almanaque
como é que isso tudo começou"...

'Post' dedicado a meu pai, o Sr. Carlos Humberto Guilhon Rosa, meu dileto almanaque de Futebol das antigas, especialmente do Maranhão, onde foi lateral esquerdo do juvenil no Ferroviário F. C. – e ponto de onde o meu almanaque começou...


Alguém já se decidiu? É Pequim ou é Beijing?! E vamos a mais uma seqüência de diletante patriotismo e sigamos a torcer até por futebol de botão e “porrinha” – o quê, essas ainda não são modalidades olímpicas? Que injustiça com o Brasil... Enfim, são poucos os esportes que realmente me apetecem alguma torcida! O que realmente me encheria de orgulho seria ver o País revestir-se de uma educação esportiva à Grécia Clássica, com um retorno bem maior para os nossos jovens do que uma mera soma (magra) de medalhas... Tudo bem que é sempre bonito ver um brasileiro (aquele que “não desiste nunca”...) superar "fome" e "falta de apoio" para ganhar um suado bronze, mas as Olimpíadas, neste país maior de contrastes (estou falando da China...), ainda resultam, para mim, num morno caldeirão de vitrine para os peixes grandes – como o caso da própria anfitriã, que, por sua vez, ainda tem bem menos motivos para se orgulhar...

Entretanto, apesar de ter jurado afastar-me da Seleção de Futebol desde as meias de Roberto Carlos na última Copa, ainda acompanho os jogos anões desta turma de patos – o magérrimo resultado contra a Bélgica acena para mais uma vez sem o tão sonhado ouro... Ou para um ouro parecido com aquela Copa de 2002: ninguém esperava... Por isso, sempre que desestimulado com este escrete, socorro-me no meu sábio Livro de Ouro do Futebol, onde me arrefeço com os grandes resultados dos tempos de nosso áureo esporte bretão...



Mas o apreço por este Livro de Ouro... é exceção para mim, devido ao grande porte de informações (tem até as regras do Esporte) – normalmente, não gosto de almanaques: são como “índices gerais” para alguns assuntos (ou, pior ainda, para todos os assuntos!), sem esquecer que costumam não apresentar a menor literatura... Mas eis que me caíram nas mãos, por ocasião de meu aniversário em maio, dois títulos que, se não mudam muito minha visão e meus preconceitos, pelo menos apresentam alguns diferenciais interessantes! Graças a duas pessoas bem caras, fui presenteado com o Almanaque do Samba e o Almanaque dos Anos 80: se este, apesar de uma deliciosa volta no tempo para os nostálgicos nascidos na “última década da inocência”, não é exceção à regra da superficialidade dos almanaques (inclusive com notas metidas a engraçadinhas, algumas até com deslizes de informação), aquele traz alguma novidade para o esvaziado mercado sobre o nosso ritmo maior...

Embora, como todo almanaque que se preze, seja mais um livro para iniciantes do que para iniciados, o historiador André Diniz (autor também do "Almanaque do Choro", 2003) consegue satisfazer mesmo os mais exigentes com um bom leque de informações! Entre um bom texto e notas de curiosidades em ‘boxes’ (capítulos iniciais com um histórico do nascimento da música urbana brasileira no século 19; as formações dos morros cariocas, em contraponto a momentos políticos célebres; biografias resumidas, indo de Noel a Chico Buarque – embora sendo algumas repetidas entre os perfis; as modernas fusões do gênero etc.), ainda há, no final do livro, uma discografia com uma boa lista de referências para os que desejarem mais profundidade (com nomes como os de Sérgio Cabral e Hermínio Bello de Carvalho), sem esquecer um interessante roteiro das melhores casas onde ouvir samba no País (no que incluíram até minha comumente esquecida São Luís!).

Já o divertidíssimo Almanaque dos Anos 80 (a cujo lançamento seguiram um jogo e dois CDs) mantém-se na esteira dos “almanaques temáticos” da Ediouro (que já lançou, no mesmo formato, até o “Almanaque do Fusca”!): através de 8 capítulos, que vão das lembranças da Televisão e do Cinema até os Jogos e as Guloseimas que marcaram minha geração, e de muitas fotos (com qualidades, cores e fontes diversas – vale até o carimbo da cortesia na cara do artista retratado na capa da revista escaneada...), o livro traz uma verdadeira viagem no tempo! Se peca em alguns aspectos, remoça qualquer um que já passou dos 30 entre lembranças de coisas como as figurinhas da Seleção Canarinho de 82 da Ping Pong, ‘transfers’ do Ploc Monster, os cartuchos do Odissey e do Atari (quase uma dualidade Vasco X Flamengo entre seus admiradores!), as coleções do Playmobil e da Moranguinho, as delícias do Minichicletes Adams (alguém aí sabe quantos chicletinhos vinham naquele saco rosa e vermelho com uma carinha? Leia o livro!)...

Só sei que entre o saudosismo daqueles bons tempos e a boa e velha Voz do Morro, prefiro o almanaque do maior poeta de nossa Música, quando Chico Buarque, na narrativa e inteligente canção Almanaque, fala sobre um curioso que pede para que se busque num almanaque as repostas para a origem e o fim de todas as coisas, num dado momento perguntando: “Diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor”... Tudo num amplo espectro que remonta ao infinito – coisa de gênio, especialmente quando fala do verdadeiro amor...

"Quem é que sabe o signo do capeta
E o ascendente de Deus Nosso Senhor
Nosso Senhor

Quem não fez a patente da espoleta
Explodir na gaveta do inventor
Me diz, me diz, me diz por favor

Quem tava no volante do planeta
Que o meu continente capotou

Me responde por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba

Vê se tem no almanaque, essa menina,
Como é que termina um grande amor
Me diz, me diz... Um grande amor

Se adianta tomar uma aspirina
Ou se bate na quina aquela dor
Me diz, me diz
Me diz... Aquela dor

Se é chover o ano inteiro chuva fina
Ou se é como cair do elevador

Me responde por favor
Pra que que tudo começou
Quando tudo acaba".


(Trecho de Almanaque, do disco Almanaque, de Chico Buarque de Hollanda, 1982)
 

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