Hoje faço uma espécie de "homenagem póstuma e tardia" a um pequeno ser que se foi há algumas semanas: um peixe da raça Acará-bandeira, do aquário daqui de casa... Calma, este blog não se despersonalizou ao nível de um diário virtual, não mesmo: este poema trata de algo muito maior que a vida de um peixe, e foi escrito bem antes, quando da sua vinda para cá! Mas a forma estóica como ele morreu, tendo gradativamente as nadadeiras corroídas até o ponto de não mais conseguir manter o equilíbrio vertical, vindo a boiar na superfície como se morto estivesse por absoluta incapacidade para nadar, fez-me aprender duas coisas: peixes não são bons animais de estimação, pois você a eles se apega, quando a recíproca não é verdadeira; e certas doenças em peixes ornamentais ainda são desconhecidas, o que pode trazer muita agonia a estes animaizinhos mudos! Sobraram no aquário um peixinho dourado e um limpa-vidros deprimidos...
Seu porte majestoso, aliado ao vazio que me passa a vida de um peixinho dentro de um pequeno aquário, trouxeram-me a inspiração para este poema de que gosto muito... Ao acará e à falta de comunicação do sofrimento que desconhecemos...
Imersos
Na televisão
A história da comunicação
Dos cabos telegráficos submarinos às fibras ópticas.
Na minha mente
Reverbera a poesia do mundo
Sob o peso da marginalidade da madrugada solitária e aflitiva pela repetência do dia seguinte
(Minha mente, ao contrário de meu corpo,
Nunca foi preguiçosa)
No fundo do aquário da sala
Meu acará-bandeira dorme de olhos abertos
(Os animais guardam um tanto da essência dos seus donos)
Com a consciência única e velada
De ser alimentado na mesma hora exata, mais tarde, pela manhã...
(Dilberto Lima Rosa)
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