quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Pentalogia da Poesia Esquecida e Ignorada

Foto: Dilberto L. Rosa

I
Não sou nada
Não sou ninguém
O vazio do teu abandono
Me fez cativo da ideia
Que um dia te fez refém,
Preso a uma essência
Que deixou de existir
- Não existo...
Mas me alimento das perguntas
Que criaram o teu partir!
Luto...
Fim de quem aceita
E esperneia
E nega até o fim
Pelo que o peito ainda anseia
- Essa é mesmo a glória
Na crença
De se compor
Pelo que se ama:
Minha única
E derradeira chama
Repousa em paz
Na tua louca indiferença...


II 
Haja poesia
Sempre a nos guiar
Pelo arroubo do dia
Aja, Poesia,
Toque o que tocar
Na virada da noite
Vazia
Haja poesia
Pra nos sustentar
Nas atrocidades
Caladas
Das lembranças ora fugidias...
Haja, Poesia:
Cala tua boca
Seca
De palavras de mente vazia!
Ah, já... Poesia:
Tu tão certa
Em cada promessa
Que me dizias...?
Haja poesia
Pra te aguentar
Na loucura dos teus
Novos, bizarros e exilados
Dias!
Poesia...
Haja você
Em cada um de meus versos
De amor
Que já não mais
Me cabia.


III
A fúria
Calada
Dos objetos
Queimada
No cartão
Primeiro
Que devolvi
Com tudo
Que tive
Que te vi
Sem querer
Ver
O que vi
Ao te ver
Sem nada
Do que
Um dia
Te dei

Tu já
Não
Esperavas
Por mim:
Teu dia
Melhor
Não era
Meu
Como minhas
Já não
Eram dadas
As coisas
Ofertadas
Outrora
Amadas
E agora
Jogadas
Pelo chão

O amor
A loucura
O senão
Poesia
Cuspida
No silêncio
Do choro
Desesperado
De cada
Objeto
Perdido
Já sem
Função
Parado
A encarar
Madrugada
Sem pedido
De perdão...

O tesão
E o beijo
Forçado
No banco
Sujo
Do carro
Choro
No saco
Guardado
Um amor
Humilhado
Coisas
Adoradas
Vida
Tua
Na minha
Guardada
No chão...


IV 
Não sei mais de nada
Não sei mesmo de mim
Lá vou ainda saber de ti
Que já não me lambes a mão
Só me roubas o sono
E me sequestras a paz
Você que é bonita demais
Mas não mais comigo
Enquanto choro de castigo
Sem saber de tuas pernas
Em novas amizades sinceras
De velhas mentiras sociais...
Eu mesmo nunca soube de nada
E só repetia o que aprendi
No repente de uma nova canção
No amor de uma menina
Que me ignorou em poesia
Nessa madrugada repetida
De contínua e eterna perdição...


V
Eu
Um ser que respira
Sem vida,
Colado à parede
Pelo choro desprendido
Por algo que se perdeu...

Na foto esmaecida,
Um mar morto,
Mas que respira
Logo ali em frente,
Meio que de esquina,
A esperar quase sem cor
Por algo que se perdeu...

Assim me sobram
O litro de uísque barato,
O beijo amargo de tragar
E o reflexo do sorriso
Vivido a dois
Manchado pelo ar de maresia
No espelho do retrovisor...

(Dilberto L. Rosa, 2018)
 

+ voam pra cá

Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!

Quem linkou

Twingly Blog Search http://osmorcegos.blogspot.com/ Search results for “http://osmorcegos.blogspot.com/”
eXTReMe Tracker
Clicky Web Analytics

VISITE TAMBÉM:

Os Diários do Papai

Em forma de pequenas crônicas, as dores e as delícias de ser um pai de um supertrio de crianças poderosas...

luzdeluma st Code is Copyright © 2009 FreshBrown is Designed by Simran