segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pelos abismos de minha Fortaleza da Solidão...



No emblemático final de Superman II, depois de perder os poderes numa armadilha estrategicamente montada pelo Super-Homem na Fortaleza da Solidão, General Zod, Ursa e Non são jogados em fendas abissais entre os vários blocões de gelo daquela kryptoniana construção. Situação parecida se dá com o Imperador Palpatine, arremessado no fosso de um reator gigante na Estrela da Morte pelo seu ex-pupilo Lord Darth Vader, que se entrega à morte no combate em defesa de seu filho, Luke Skywalker. Teriam esses inefáveis vilões morrido ou restariam cristalizados nalguma forma suspensa de vida? Acho que jamais saberemos... Mas qual o motivo dessa momentânea recordação de um elemento tão ímpar na história do Cinema 'pop' de minha juventude, a teoria dos "fossos infinitos", que se transformam em verdadeira prisão-resolução para vilões poderosos?

Explico: também tenho a minha Fortaleza da Solidão, nome que dou ao estimado gabinete em meu apartamento (e que, não por acaso, possui um pôster de cinema do filme Superman O Retorno), onde trabalho, escrevo e guardo minhas coleções, já mostrada aqui em ‘posts’ idos e, tal como nos filmes do Superman ou de Guerra nas Estrelas, também tem seus fossos intermináveis – pontos "estratégicos" de difícil acesso, como por trás da mesa do computador, onde, além das fiações dos aparelhos informáticos, há inúmeras e escondidas sacolas com materiais para pequenas obras (broxa, pinceis, massa etc.), papeis de presente e laços, árvore de Natal encaixotada, caixas de ferramentas etc. Sim, meu gabinete ainda não dispõe dos meus tão almejados armários, restando “incompleta” apenas com estantes e prateleiras. E muitos materiais amontoados em caixas ou sacolas em alguns "fossos" intermináveis...

Pois que alguns meses atrás, por exemplo, depois de um bom tempo de “suplício”, já quase dando como furtado por um arquiteto (que, com sua equipe de montadores, veio aqui fazer uns ajustes nuns móveis planejados no final de julho), encontro um estimado Homem de Ferro desaparecido... “Olha, confesso que sou meio ‘nerd’ nessas coisas e já colecionei muito... Lindos esses bonequinhos...”, disse então o suspeito nº 1 quando de seu último dia de obras no apartamento, não tinha como não duvidar dele: o Homem de Ferro poderia facilmente "ter-se perdido" por entre as ferramentas da pasta de um dos seus asseclas, digo, funcionários... Poderiam mesmo ser uma quadrilha ligada ao Mandarim... Mas antes de maiores devaneios caluniosos, eis que encontro o boneco caído numa sacola de papéis e embalagens para presentes, no tal fosso por trás da mesa do computador (essa nem a SHIELD suspeitaria!)...

Ou ainda, algum tempo atrás, numa de minhas famosas "limpezas gerais" (épocas sazonais em que TODOS os livros, CDs, DVDs, BDs, carrinhos e miniaturas são esmeradamente livres de poeira com uma especial flanela macia), nada fazia com que eu encontrasse o chicote da minha ‘action figure’ do Indiana Jones (boneco do filme Indiana Jones e O Templo da Caveira de Cristal, um de meus favoritos!): “Já procuraste por trás das pilhas de revistas debaixo da prateleira dele? Ou por cima das Playboys? Ou ainda entre um fichário e outro, caído?”, tentava ajudar Jandira, alfinetando, indireta e logicamente, que em meu pequeno escritório há um acúmulo em demasia de coisas (e de revistas...) para um colecionador só...

Mas não me dei por vencido até encontrar a famosa arma do aventureiro espremida entre alguns papeis por trás da estante de aço das pastas de documentos! Pronto, perfeito! Todas as coisas em seu lugar, limpas, belas, organizadas, mas... E a "cara" do C3P-O?!

Novos acúmulos depois e eis que a Força, decididamente, está comigo: graças à ilustre vinda (finalmente!), dos amigos à moda termidor Dennis Guilhon, Ana Rachel e Ana Luíza para um jantar hoje à noite, uma forçada arrumação tomou forma desde o fim de semana e, em minha enésima tentativa de tudo pôr em ordem no meu gabinete antes da "limpeza geral" do Natal, encontrei, enfim, a face caída de C3P-O – deslocada da cabeça graças a um irritante mecanismo do próprio boneco (a coxa esquerda também se "desmonta", desprendendo-se, com facilidade, com o passar do tempo) –, resultado da minha última empreitada em organizar a prateleira de miniaturas Star Wars...

Nada como um ambiente equilibradamente arrumado, com cada coisa em seu lugar (na medida do possível), com minhas coleções em perfeita ordem em exposição para o amigo (super-herói aposentado e também colecionador) Dennis e... Mas e os óculos do Professor Jones (de Indiana Jones e A Última Cruzada, vivido por Sean Connery)? Santas regiões abissais, Super-Homem: preciso urgentemente de um daqueles eficientes robozinhos kryptonianos da Fortaleza das HQs para me ajudar – não sei, não, mas acho que esses óculos nem o poderoso Yoda encontrar conseguirá por entre as fendas abissais da minha Fortaleza da Solidão...

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20 comentários:

Claudinha ੴ on 14 de novembro de 2011 às 21:29 disse...

Dil, meu DILeto amigo... Eu tenho que confessar. Sou doida com estas coisas e imaginava que nunca ninguém as tocasse... Mas um dia, eu virei mamãe, com um filhinho que adorava minhas coisas e que ficava com avós que lhe davam tudo o que queria pegar... Resultado, por estes dias meu BBzinho (que já usa alianças) veio me entregar a estrela da morte, intacta, que dava por perdida há séculos! Mas eu perdi quase tudo, até o relógio com a máscara do meu amor, o Darth Vader... Mas vou lhe adiantando, fica fazendo estas fotos e propagandas e eu vou baixar aí na calada da noite e FURTAR tudo o que está exposto na prateleira de Star Wars, acho , inclusive, que terei ajuda de Jandira (já cansadinha de tanta coisa, hahahaha). Mas com todo respeito, dá vontade de roubar mesmo!
Eu creio que existam estes buracos negros engolidores de coisas e ainda que de tempos em tempos eles nos devolvam algumas coisas... E cuidado, menino! Olha o pré julgamento, hahahahahahah! Beijos a todos!

ANTONIO NAHUD on 15 de novembro de 2011 às 13:10 disse...

Bacana, Dilberto... Creio que todo mundo tem a sua "Fortaleza da Solidão". Ela é fundamental.
Abraços,


O Falcão Maltês

Érica on 16 de novembro de 2011 às 12:06 disse...

Adoro coleções!!! Engraçado o sentimento dos colecionadores diante de um pequeno "tesouro" particular, né? Deve ser emocionante encontrar peças tão caras, perdidas há tempos e em locais tão inusitados. Fiquei feliz pelo chicote da sua "action fugure" Indiana Jones e pela face caída do C3P-O, uma pena se eles tivessem eternamente perdidos. Realmente, nada como um ambiente equilibradamente arrumado e com cada coisa em seu lugar.

Adorei, mesmo, esse texto. Mostra boa parte da tua bela personalidade.

Beijos

Jandira disse...

"Nada como um ambiente equilibradamente arrumado..". E digo mais: nada como receber visitas em nossa casa pra tudo (ou quase tudo) ficar no seu devido lugar!!
E essa fortaleza da solidão anda tão bem frequentada, que de solitária não tem praticamente nada rsrs.
Gostei do texto e, principalmente, da constatação que há 'acúmulo em demasia de coisas para um colecionador só... Mas é só uma constatação que em nada mudará o espírito multiplicador de bonequinhos, carrinhos, motinhas, etc

Ilaine on 17 de novembro de 2011 às 04:58 disse...

Dilberto, querido amigo!

Você tem toda razão... ando ausente demais. Desculpa!

Fortaleza da solidão... também a tenho. Lá guardamos nossos pequenos tesouros que são os símbolos de nossas paixões ao longo do tempo. Eles contam também nossas histórias.

Escreves de forma linda: há um mesclado de informações, humor e poesia em todo post. É muito agradável a leitura.

Pelo carinho lá no ensaios... só felicidade!

Abraço forte!

Souza disse...

"Ajoelhe-se e jure lealdade eterna diante de Zod": sensacional final para um grande filme! E esse texto cheio de referências nerds e pop, com essa super-trilha de trechos de Superman II, são de fazer viajar! Parabéns pelo seu recôndito, pelas coleções incríveis (quem não coleciona jamais entende...) e boas buscas pelos abismos e fendas da sua Fortaleza!

Muito legal também a referência ao Berlusconi aí do lado, acho que ele merecia um post único!

Luci on 17 de novembro de 2011 às 14:37 disse...

pronto! temos um elo para 100pre!
tb tenho na minha Fortaleza da Solidão (não tão bem organizada como a sua, mas eu chego lá!) o poster do Superman o retorno grudado na parede!!! pra mim, o mais bonito.
e ao lado dele, memorias de uma gueixa...
e assim vamos preenchendo as fendas, criptografando querencias.
beijo

Anônimo disse...

Muito legal esse post. Interessante identificaçao. Super homem e suas fraquezas, tudo junto reunido. E tambem suas fortalezas no sentido do bunker, do lugar cercado onde se recupera as forças e se protege. Cheio de bonequinhos esse bunker. Otimo, espaço ludico, muitos sonhos. Gostei.
Bjos e bom final de semana!

cineboy on 17 de novembro de 2011 às 16:40 disse...

ótimas lembranças Dilberto.Valeu!

Rodrigo & Talita disse...

E ai, parceiro!
Cara, realmente sua fortaleza está preenchida com quase todos os ícones e artefatos que encantam à qualquer nerd de bom gosto... Ainda bem que vc consegue achar a maioria de suas perdas tão dolorosas dentro de suas coleções.
Fica aqui um forte e verdadeiro abraço para todos aí em sua casa. Precisamos voltar às últimas horas em nossa Fortaleza (a do Ceará).
Fica com Deus!

Sonia on 18 de novembro de 2011 às 08:21 disse...

Nossa..........o homem do chicote e o homem da capa! Meus preferidos! kkkk
Que bacana suas coleções!
Você não se veste como morcego não, né?? Se veste?? kkkk
Bom...se sentir falta de algum bonequinho por aí, fui eu que peguei! rs...

Bom dia Berto!

Ricardo Campos disse...

Oi Dil,

Como Jandira comentou; essa Fortaleza da Solidão, de solidão, não tem nada, de tanto amontoado de coisas perdidas que estão lá. Um outro lugar, uma outra prisão fantasma, é entre as almofadas do sofá, nas arestas. Quem nunca esqueceu ou perdeu algum objeto querido nestas "imensas" fendas "abissais"?
Um abraço Dil!

PS: Entrando no seu blog, deparo com essa linda trilha magistral do Super-homem, clássica e retumbante trilha de John Willians. Magnífico e inesquecível!

layla lauar on 18 de novembro de 2011 às 22:43 disse...

ah eu adoro esse seu jeito de escrever ...sobre tudo e sobre todos...as palavras amam você, certeza!

tb tenho minha fortaleza da solidão, mas não guardo nada lá, é só um lugarzinho no meu jardim onde gosto de ficar, por algumas horas, só comigo mesma.

como sempre, gostei por demais da leitura.

beijos

Canto da Boca on 19 de novembro de 2011 às 20:29 disse...

Imagina se entrássemos na "Fortaleza da Solidao" de cada um que interage contigo? Seríamos deveras surpreendido, e eu sou completamente a favor desse espaço de reseva, onde podemos repor a nossa fé na vida e as alegrias perdidas!
Isabela já se deparou com esse "play" aí, Dilberto?
Eu desde que tive filhas, já nao existe mais o intocável, o desconhecido, o escondido, escancaram tudo, risos...

......

Já lhe ocorreu propor aos "canais competentes", a criaçao de uma FLIMA, ou algo do gênero? O Maranhao, estado de tradiçao literária, merece ter a sua feira internacional de literatura...

O painel (ou mesa) de grande repercussao foi a em que estiveram presentes o Samarone Lima (vem aí o relançamento do "Viagem ao Crepúsculo", uma ediçao lindona, ampliada e outras importantes referencias, previsto ainda para esse ano), Fernando Morais e Leandro Nardoch, grandes jornalistas (com uma estreita relaçao com a América Latina), e tres visoes "antagonicas" de Cuba, o debate pegou fogo e foi sensacional!

Suzane Weck on 19 de novembro de 2011 às 23:42 disse...

Ola meu querido amigo,passei para desejar um ótimo domingo e deparei com uma postagem espetacular.Realmente gostei muito.Naturalmente dá para perceber que a musica é a Fortaleza da minha Solidão não é?Dando resposta a tua pergunta:quem faz o trabalho gráfico virtual no meu blog é um sobrinho meu que se chama André Kauffman Nogueira.Até mais e um grande abraço.

Duarte on 20 de novembro de 2011 às 09:50 disse...

ACÇÃO!!!
Música, imagem, texto, tudo é acção.
Sempre gostei deste género.
Menos mal que tenho dois filhos, e agora três netos, e todos metidos na acção; uma gozada!
Um grande abraço

David Cotos on 20 de novembro de 2011 às 14:13 disse...

Que tiempos aquellos de Superman, ojala un día se vuelvan a hacer este tipo de historias y se sienta la misma expectativa en los que vemos las películas con mucho placer.

Ruby on 20 de novembro de 2011 às 23:21 disse...

Olá Dilberto,
Eu também tenho minha fortaleza da solidão. Me falta também um pouco de organização na maioria das vezes,só não tenho esses bonequinhos de fimes, super-herois e de personagens de desenhos que eu acho fantásticos (os bonequinhos). Lindos todos, assim que organizar tudo, mostra aqui pra vermos todas as miniaturas.

Dilena disse...

Dilberto fico sempre encantada pela sua maneira de escrever seus textos. Esse,você descreve exatamente como é essa sua "Fortaleza da Solidão." Dou o maior 10 pelas suas coleções. Você além do amor,tem um cuidado muito grande por elas. Só que nessa Fortaleza não cabe mais nada.Olha! que esse colecionador,vai levar jogos,binquedos,livros e outras coisas que ainda se encontram no meu apto.Onde colocá-las? Eis a questão.
Que bom ter sempre um amigo pra visitá-lo, rs.rs...
Um beijão ao meu escritor predileto.
Mame

Rossana Masiero on 24 de novembro de 2011 às 18:20 disse...

Kakakaka!!! Adorei a crônica.
Um escritório chamado "Fortaleza da Solidão" deve ser o máximo!

Não imaginava que você era desses...hehehe

Meu pai adorava colecionar moedas, selos, cartões de telefone, e organizava tudo com muito esmero, por datas, locais, etc.

Eu nunca entendi muito isso, pois sempre fui totalmente desapegada.

Mas atualmente ando sentindo falta de algumas coisas que gostaria de ter guardado.
Já foi.

Bjs
Rossana

 

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