terça-feira, 8 de março de 2011

Frevo Mulher


Porque o carnaval é a mais democrática das festas, o Samba, ritmo-filosofia e estado de espírito maior de nossa festa orgiástica, já divide espaço em todo o País há muito tempo com outros ritmos-símbolo da folia de Momo: o frevo, por exemplo, pula, pulsa e faz suar a mulher mais acrobata, com sua sombrinha multicolorida a auxiliar na dura arte do equilíbrio do resto do ano inteiro...


Porque a verdadeira mulher é mesmo assim: uma Maria, de Milton, e uma linda guerreira amazona, pintada à moda mais fetichista masculina, porém com um senso de super-heroína que suplanta qualquer de suas fraquezas: amante, amiga, esposa, profissional, "dular"... Pena que em ainda tantos casos, a vida em nada imita a arte de um quadrinho...


Porque ainda há muita mulher para ceder demais pela "tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e para ser só perdão", como disse o Poetinha...

Mas, como diria outro grande poeta dos olhos de ardósia (e por quem tantas mulheres já cederam...), "se todo mundo sambasse, seria tão fácil viver"! E é com alegria que carnaval também me lembra mulher: para o bem... e para o mal!


Porque mulher quis ficar tudo igual! E, na passarela dos sonhos mais bestificados, mulher tem bizarros seios fartos e todos do mesmo tamanho, volume e consistência! E todas são bundudas em excesso a custo de muito ferro ou anabolizante (muitas já até falam esquisito...), mas todas muito graúdas, "artistas" prontinhas de fábrica para a próxima capa de revista... Ou para a próxima pensão...

Mas sempre haverá aquelas diferenciadas, que lideram, criam, pintam e bordam com suavidade as mais belas telas eternizadas ou canibalizadas de nossa etérea realidade de mulatas ou operárias... E viva Tarsilas, Penhas, Zuzus, Dilmas, Fernandas, Elises, Claras, Aracys, Florbelas, Clarices, Pagus, Olgas, Naras, Bethânias, Lígias, Cecílias, Jandira, Dilena, Isabela e tantas outras que arte-finalizam este carnaval cheio de vida...

Mas "pára e repara, olha como ela samba, olha como ela brilha, olha que maravilha, essa crioula tem o olho azul, essa lourinha tem cabelo bombril, aquela índia tem sotaque do Sul, essa mulata é da cor do Brasil"... Porque "eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar... Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"! É que, sabe, nesse Brasil de belas vidas femininas em eterno carnaval, eu mesmo já confessei certa vez que "Amo todas as mulheres do mundo - Amo a vida festiva, Recatada e exclusiva De cada alma feminina..."


Mas hoje vivo apenas três mulheres e prefiro um novo tipo de carnaval, um onde minha mulher veste de colombina pronta para um novo frevo a minha mais nova "mulherzinha" (em fantasias compradas pela minha antiga mulher, que hoje baba como avó e madrinha...), tudo ao som de Amelinha, com seu eterno Frevo-Mulher...
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25 comentários:

Thiago Leite on 8 de março de 2011 às 08:16 disse...

Sem falar da mulher que nós homens temos dentro de nós, a Anima junguiana.

Feliz dia da Mulher para todas e todos (nem todo clichê é dispensável...).

Dilberto L. Rosa on 8 de março de 2011 às 11:49 disse...

Se são todos, todas já estão dentro, meu caro! E viva essa intervenção!

Claudinha ੴ on 8 de março de 2011 às 14:02 disse...

Olá Diberto!
Adoro Frevo Mulher... Música que estourou no final dos anos 70, nos meus 14 anos!!! Acho que foi quando resolvi que já era uma mulher, que poderia namorar, sair de casa... (e todos me chamavam de menina, raios!)
Bem, entre todos os tipos de mulher, que seja um feliz todo dia da mulher, que ela seja respeitada, honrada e valorizada! Um beijo bem grande para as mulheres de sua vida!
* Minha primeira fantasia foi de Pedrita e meu primo Álvaro (um mês mais velho) foi de Bambam... Nascemos em agosto e setembro, ou seja, mal tínhamos 6 meses, rsrsrs!rs Imagino o quão fofa é a sua colombina!
Aqui, uma coisa fofa com 2 aninhos de idade, em 2000. Minha havaiana:
http://3.bp.blogspot.com/_r2uzuGD76a0/TCfjAPQjj7I/AAAAAAAABTM/161ZUaLa7P0/s1600/1.jpg
beijos!

ANTONIO NAHUD on 8 de março de 2011 às 15:59 disse...

Bela homenagem à mulher, caro amigo. O texto tá caprichado. Percebe-se que tava inspirado.
Abração,

- Estou com novos posts. Apareça.

www.ofalcaomaltes.blogspot.com

Calina disse...

Meu Querido Amigo, que belíssima homenagem.
Como mulher e amiga te parabenizo por mais um excelente trabalho de pura criatividade e sensibilidade.
Um beijão pra Ti e tua linda Família

Dulce Miller on 8 de março de 2011 às 23:27 disse...

Sem dúvida nenhuma, meu amigo-relicário, o teu post é o melhor que li até agora sobre o carnaval e a mulher, simplesmente PERFEITO!

Beijos n'alma!

(viu, eu vim! rsrs)

Magui on 9 de março de 2011 às 16:24 disse...

Belo texto.Somos homens e mulheres a construir a vida.

Loba on 9 de março de 2011 às 17:10 disse...

Menino, que texto! Destes que tiram o fôlego e aquecem o que precisa ser aquecido! (isso ficou quase-erótico? rs...)
Sério, um texto-homenagem dos mais bonitos que li. Sem pieguices, com bonitas referências poéticas e belas imagens literárias. Ô coisa boa de ler!
Beijoconas!!!

ítalo puccini on 9 de março de 2011 às 18:14 disse...

maravilha de postagem, dilberto!

pois eu gosto é muito da "releitura" que o zeca baleiro propõe à música do benito di paula. gosto do que é reinventado.

e não há silêncio futebolísitico. o ópio do povo continua sendo atualizado. mas com assuntos mais necessários do que aquele que vc insiste em trazer à tona, não sei com que propósito.

abraços daqui!

Dilena disse...

Dilberto não é nenhuma novidade dizer que vôcê é um poeta.
Que bela homenagem às mulheres!
Todas brilham ou brilharam a sua maneira. As do "Lar" muitas das vezes sofridas, são umas verdadeiras heroínas.
Que bom fazer parte do bloco das mulheres amadas por um homem romântico, poeta e excelente escritor.
Quanto ao carnaval, sou uma eterna carnavalesca. Adoro dançar nas festas dos clubes.
PARABÉNS Á TODAS AS MULHERES!
PARABÉNS a Você!
Beijos da mame.

Jens on 10 de março de 2011 às 15:04 disse...

Belo texto, camarada Dilberto. Seguramente as damas ficarão encantadas com esta sensível e inspirada homenagem. Elas merecem. Pessoalmente, não sou um entusiasta da padronização plastificada atualmente em voga - artificial em demasia para o meu gosto requintado e, em alguns casos, assustadora. Por exemplo, no Carnaval vi, nua em cima de um carro alegórico, uma criatura formada de protuberâncias que atende pelo nome de Valesca Popozuda. Fiquei com medo. Até hoje me provoca pesadelos. Creio que trata-se de um ser alienígena.
***
Já Heidi, a gambá vesga, é um ser deste mundo. Ela é a versão feminina e oscarizada do Polvo Paul, o vidente da Copa do Mundo. Na corrida do Oscar, Heidi acertou quase todos os vencedores. É verdade.
***
Um abraço. Pra cima com a viga.

PS: parabéns pelo bom gosto da trilha sonora do blog.

Jota Effe Esse on 10 de março de 2011 às 21:16 disse...

E de quebra, Dilberto, tu nos dás, com esse texto monumental, um banho de carnaval recheado de mulheres: da santa à prostituta televirtual. Meu abraço.

Rodrigo Mendes on 11 de março de 2011 às 12:48 disse...

Oi Dilberto!

Não acho o Carnaval tão democrático assim, pelo menos nas escolas de samba e os foliões da Bahia. Ao menos nas outras regiões do nordeste, mal é televisionado.

Pelo menos o FREVO é uma dança belíssima e folclórica. Provavelmente este é o carnaval e a mulher simboliza muito bem.

O que as emissoras exibem é apenas piblicidade de um mercado negro!
Chamo, como muitos de, INFERNAVAL.

Abs.
RODRIGO

Ruby on 11 de março de 2011 às 22:36 disse...

Olá Dilberto, é mesmo muita cedência!
E aquela de seios, opa, silicones fartos os transformou até em
"porta-batom"!Esse novo modelo de mulher brasileia é assustador.
explico;elas são todas musculosas, seios com ml exagerados de silicone
a bunda de tamanho descomunal e há quem goste. Aguardam o carnaval pra mostrar tudo e quem sabe sonseguir um lugar pra brilhar, duradouro ou fugaz. Admiros mais as 'diferenciadas', mas não dá pra esquecer que todas são mulheres, porque ninguem é igual e como deizem os franceses; Vive la difference! Texto de gênio literário. Você.

Ilaine on 13 de março de 2011 às 11:35 disse...

Linda homenagem, Dilberto. Sim, somos sensíveis guerreiras, ferozes almas românticas. Somos essência. Jovem, mãe e avó - dóceis e rebeldes. Beijo

Jandira disse...

Olha, não é coisa de esposa, nem de amiga e muito menos de fã, mas esse texto saiu da alma do mais sensível dos poetas... Apaixonado e dedicado, incessantemente, a todas as mulheres que te cercam. Beijos, meu Amor.
PS: Dentre outras coisas, assim se explicam as paixões despertadas... E eu, morrendo de ciúme!Fazer o quê, se me casei com um poeta?rs rs

Anônimo disse...

Bela homenagem as mulheres Dilberto!
Big Beijos

Anônimo disse...

Bacana Dilberto, realmente as "damas" gostaram da homenagem. (Gosto de ler os outros comentarios, alias, adoro)
Muito lindinha essa musica "Quando o Carnaval Chegar", sei que teve um filme. Gostaria de assistir.
Quanto aos silicones "quando todas as mulheres resolveram ficar iguais" (otima!), se algum dia me meter nisso, interna que é surto!
Quanto aos links que perdi, chatissimo, ainda nao consegui repor.
Abraços da Cam
ps- Jandira eu tb ficaria com ciumes se fosse meu marido, mas esse moço parece ser um apaixonado por esposa e filhinha, fique tranquila!

Marco on 16 de março de 2011 às 07:37 disse...

No Dia Internacional da Mulher, o meu primo mandou muito bem...
Também amo as mulheres. Gosto até de ser chefiado por elas. A mulher chefe não manda: pede com carinho.
É uma pena sabermos que tantas se plastificam para virar uma espécie de bibelô: bom de se ver, mas que não tem muita utilidade. Parabéns para as suas mulheres, parabéns para as nossas mulheres, parabéns para todas as mulheres do Brasil!
Carpe diem.

Duarte on 16 de março de 2011 às 20:50 disse...

Beleza sem par, por isso é a festa mais grande do mundo, a mais falada, reconhecimento total.
Hoje pude presenciar, sentir mais de perto, o que te agradeço.
A mulher dá luz, formas e cor à festa: é a rainha! Está bem merecido.

Um grande abraço

Игорь on 19 de março de 2011 às 09:30 disse...

As siliconadas que perdoem , mas imperfeição é fundamental .

Canto da Boca on 27 de março de 2011 às 18:20 disse...

Continuo "me guardando para quando o carnaval chegar", mas que belo manifesto à mulher, Dilberto, emocionei-me pacas! Especialmente pelo brilhante olhar que proclama a diversidade.
E sabe que "Frevo-mulher", foi a minha música da pré-adolescência? E quando vi pela primeira vez a minha filha promogênita, dançando essa música, na escola (em Olinda), caí num choro memorável, parecia minha cópia infantil, cabelos loiros, esvoaçantes, pele de neve e o brilho da alegria nos olhos (que mantemos até hoje, rs). De modo que esse poste é também meu e das minhas mulheres, das minhas mais amadas mulheres, que me ajudaram a ser uma mulher melhor, com ou sem frevo!

Abraço!!

Lu_MCordeiro on 3 de abril de 2011 às 17:33 disse...

Oi,Dil,texto magnífico! Só não concordo que o carnaval seja democrático no país inteiro.No Rio não é.Na Bahia,tb não. Há os blocos dos "sujos" e os de quem pode pagar uma nota preta para participar,com direito a seguraças,camarotes e muros.Como não participo de nenhum dos dois pq por aqui a bebedeira(e outras coisinhas) transforma as ruas num inferno,fico em casa vendo filmes.
bjsss

Renata disse...

Texto carinhoso e inspirado! Parabéns!!!!!!!!!!!!!

Renata disse...

Texto carinhoso e inspirado! Parabéns!!!!!!!!!!!!!

 

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