domingo, 13 de fevereiro de 2011

Domingo!


“Preste atenção, o mundo é um moinho: vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir tuas ilusões a pó...” Domingão em casa, arrumando em câmera lenta o escritório, bem como o resto da casa, com a ‘internet’ ligada e ouvindo, pela primeira vez na vida, um bom som advindo de uma “cervejada” próxima daqui – sim, porque deste gênero dominical (do qual são espécies o “pagode de domingo”, o “futebol de fim de semana entre amigos” e “a feijoada/o churrasco de família”) só se espera coisa ruim, musicalmente falando! Por isso me surpreendi ao distinguir, dentre outros sons de domingo (forró de gosto duvidoso ao longe;“Axé/’Funk’ do Senhor” na casa ao lado do meu prédio, começando a aumentar...), uma clássica canção do Mestre Cartola...

”Agora já não é normal: o que dá de malandro regular, profissional; malandro candidato a malandro federal”... Sorrio enquanto leio sobre a posse, nesta última semana, de deputados federais um tanto quanto exóticos: ex-esportistas, sem mais ter muito o que fazer, parece terem descoberto o filão da politicagem, acabando por ser eleitos “figuras” como Romário, Danrlei e Popó para Brasília! E o que dizer de Tiririca? “De tudo que é nego torto...” – Chico Buarque reina na festa vizinha, para minha mais que agradável surpresa...

Desligo o computador e percebo uma Maria Bethânia em sua melhor fase: “Atiraste uma pedra...” Mas é fácil rir do palhaço: é como dizer que filme B é ruim, óbvio ululante (mesmo com algumas pérolas ‘trash’, eles são feitos para serem ruins)! Difícil mesmo é rir diante de um Maluf reeleito e de um Sarney, pela quarta vez, presidente do Senado... “Que País é esseeee...”: Renato Russo vocifera, ainda na tal festa de bom gosto (seria um sarau com potentes caixas de som?)...

O “‘funk’ do Senhor” acaba na casa ao lado do meu condomínio (moro no 12º andar, mas o som, especialmente de músicas vizinhas ruins, espalha-se fácil no ar...) e, enfim, posso tentar ver um bom filme, coisa que não faço há um bom tempo... Tenho à mão todos os candidatos ao Oscar, sendo que alguns nem chegaram aos cinemas brasileiros (“Santa pirataria virtual, Batman!”: uma vez que não houve mais oportunidades pa5ra ir ao cinema, meu amigo camarada PC já baixou um monte de coisas boas desde o ano passado) – como o que acabo de assistir, 127 Horas, um bom exercício de edição de Danny Boyle (o mesmo diretor do fraquíssimo vencedor de 2009, Quem quer ser um milionário). Mania essa que tenho de ver todos os indicados ao Oscar (que está longe de ser o "maior prêmio do Cinema mundial"...), mas vamos lá: o outro indicado que vi também foi baixado aqui em casa pela rede, a bela animação Toy Story 3 – "Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada..." traz Roberto à tona na boa seleção que continua naquela festa...

Falando em amigo, eis que surge o novo Rodrigo, com sua ainda mais jovem Talita, falando de massas, casamentos, apadrinhamentos, vídeos, festas, vestidos e 'downloads', e passadas e futuras luas-de-mel em Fortaleza... "Já conheço os passos desta estrada...", mas, diferentemente de Chico e de Tom, sei que ela dá em muitos lugares, taí Isabela que jamais me deixará mentir – "Menininha, não cresça mais não, fique pequenininha na minha canção: senhorinha levada, batendo palminha"... E assim o domingo passa, sem tempo para os problemas, as dores ou as contas para pagar: como passam domingos por entre a gente quando a gente se propõe a vagar por entre canções alheias... E meu escritório? Bem, que espere outro domingo...

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24 comentários:

Anônimo disse...

Quanto repertorio. Eu tb guardo por anos as letras demusicas. Penso que Geni cairia melhor para Jose Sarney: de tudo que é nego torto, do mangue do cais do porto, ela ja foi namorada...o fofoleto do Sarney esta enriquecendo desde a ditadura, Talvez antes ate, engordando seus cofrinhos com dinhiero publico, seja la o partido que tiver no poder, ele esta la, "chegando junto". Tomara que ele siga o caminho de ACM, va dessa para melhor. Muita da corerlaçao de forças vai mudar, com menos caciques.
A parte da letra que fala: joga pedra na Geni, é que fica para o Tiririca, aquela parte que mostra que todo esse comportamento de "nojo" com relaçao ao seu analfabetismo é hipocrisia pura. Vai ver ele ainda vai fazer alguma coisa boa. Ruim como os velhos raposas de guerra, duvido que seja.
Boa smeana amigo!

Mr.Orange on 14 de fevereiro de 2011 às 09:54 disse...

Meu caro, sempre acreditei que o domingo era um daqueles dias que passamos doentes ( estando de fato doentes ou não), pois ao ligarmos a TV para assistir alguma coisa, nos deparamos com um lixo fantástico e de altíssimo nível. Dessa forma, o mais aconselhável é irmos cuidar de nossa vida e de nossas coisas, mesmo que isso seja adiantar um pouco a tão temível segunda-feira.
Sempre acreditei que algumas músicas tinham uma cara de domingo, pois exalam um felicidade meio tristonha e que se espalha por todo dia. Porém, assim como você, eu também moro em um condomínio e sofro com esses sons (funk, axé e sertanejos) que só servem para atrapalhar as coisas; além de ficarem grudados em nosso pé ( ou seria em nossa cabeça??)
Bom meu amigo, lendo esse texto, a única coisa que pude pensar é: quem me dera que o mundo fosse um sarau de bom gosto, com poetas, caixas de som e boa música. Quem me dera!
Ótimo texto e ótimo blog!
Abraços !
Adriano M B.

Simone Soares on 14 de fevereiro de 2011 às 10:55 disse...

Adorei o texto Dil!!

Ano após ano vejo os novos "políticos" se instalando e proliferando como verdadeiros vermes, sem contribuir em absolutamente nada para a nação. No outro lado, os velhos "políticos" sugando tudo que ainda se pode extrair da fonte...

Juro que não entendo como ainda tem gente que tem coragem de votar nestas criaturas... Mas logo caio naquela máxima... Cada povo tem o governo que merece.

Bjo

ANTONIO NAHUD on 14 de fevereiro de 2011 às 16:00 disse...

Que ode ao Domingo! É o dia da semana em que gosto de ficar em casa, traça total de papéis...
Dilberto, peço um favor, como faço para colocar áudio no meu blog e a canção tocar assim que acessem o blog? Já tentei várias vezes e nada. Sempre preciso clicar no play.
Grato

www.ofalcaomaltes.blogspot.com

Anônimo disse...

Dilberto, eu tinha uma pasta com letras de música nacionais e internacionais que eu pegava na Bizz.
Big Beijos

Adriana Alencar on 15 de fevereiro de 2011 às 05:31 disse...

É pena que esses músicos tradicionais brasileiros estão sendo substituídos por versões americanizadas; aqui fora o Brasil não é conhecido pelas bandas de funk mas sim por artistas como estes que você mencionou.
Abraço
Adri

Thiago Leite on 15 de fevereiro de 2011 às 10:00 disse...

É como ter uma trilha sonora para ilustrar os fatos do seu cotidiano.

Por sincronicidade (ou não), ontem dei uma boa organizada em meus documentos,gavetas e estante de livros. O trabalho compensa a longo prazo...

Mas esse seu escritório parece a cela do Homem-Calendário...

Anônimo disse...

Uma pausa para filosofar e a arrumação fica para depois, acontece... Principalmente quando achamos cartas antigas, pequenas lembranças no meio da bagunça... aí, uma vida inteira passa por nossa mente.

Dilberto L. Rosa on 15 de fevereiro de 2011 às 13:35 disse...

Ainda bem que as fotos do 'post' não são do meu escritório, caro Thiago! Cara Camille, o problema não é o tal analfabetismo lingüístico do Tiririca, mas o político...

Zélia Guardiano on 15 de fevereiro de 2011 às 14:47 disse...

Olá, Dilberto!
O domingo, para mim, é um misto de losna com alcaçuz...rs...
Sensações, sentimentos, atividades se misturam de forma estranha, às vezes...
Uma boa música pode ser a salvação, quando o astral não está "aquelas coisas"...
Abraço, amigo, entremeado de gratidão pela visita.

Jota Effe Esse on 15 de fevereiro de 2011 às 17:21 disse...

Dilberto, de Maluf e Sarney, nada de bom eu sei, mas se for pra falar mal, deixemos pra outra vez, que agora eu quero um baião, um samba, ou uma canção! Meu abraço.

Rodrigo Mendes on 15 de fevereiro de 2011 às 22:51 disse...

Olá Dilberto!
Obrigado pelos comentários no ₢.
O primeiro filme do Batman realmente poderia ter um pouco mais de poesia, mas Nolan optou por nao seguir este ritmo para dar o tom realista ao filme. Mas não faria mal pelo menos uma cena ou outra. Enfim.

Gostei do blog. Um espaço híbrido e sua playlist é de muito bom gosto. Adoro Chico Buarque. Rs!

Domingo pede cachimbo e não é "pé de cachimbo" como dizia a parlenda. Realmente não existe pé de cachimbo, mas todo Domingo é dia de fumar um e ficar preguiçoso.

Abs.
Rodrigo

layla lauar on 16 de fevereiro de 2011 às 01:36 disse...

ah seu domingo foi bem melhor do que o meu... rsss adoro todas as músicas citadas. especialmente o Malandro (ouvindo agora e amando) do chico e o clássico de Cartola..mas meu sábado foi ótimo. meu Galo ganhou do cruzeiro... e só por isso amanheci feliz no domingo...

mas seu ótimo texto e o belo e inusitado poema abaixo, salvaram a minha madrugada.

1 beijo

Glória on 16 de fevereiro de 2011 às 13:58 disse...

Saudade, saudade, saudade...do meu amigo que agora é marido e pai. Estive a reler alguns emails antigos e...quanta nostalgia...e tbm, como algumas coisas não mudam, ainda que já se tenham passado aí uns 3/4 anos...e que bom que não mudam, como essa tua escrita tão cuidadosa e cheia de sensibilidade, descrevendo o cotidiano com a característica do poeta que és.
Abraço grande primo, na jandira e na pequenina tbm!

Glória disse...

Antes que pergunte, sim guardo emails antigos sim, ao menos os que são importantes...risos

Claudinha ੴ on 16 de fevereiro de 2011 às 23:00 disse...

Caro Dilberto!
Darwin também tinha um escritório assim (rsrs), mas imagino que o seu seja arrumadíssimo, eu vi as fotos de quando arrumou suas coleções. Agora, quando Isabela começar a explorar, hahahaha! nem quero ver!
A estrada dá em Isabela aí, aqui em Du e Ana, em começos e fins e recomeços, mas numa coisa tem razão... Há sempre uma música que cabe na situação. Amei esta pérola de Chico para ilustrar sua impressão da posse, rsrs.
Lamento lhe dizer: Isabela VAI crescer, se tornar uma moça linda e cobiçada. Aqui o Szafir se dobra em cólicas e passa mal (mesmo). E olhe que Ana só tem 13 anos!Ah 'Menina que um dia eu conheci criança'...

Fiquem bem, beijos!

Dilberto L. Rosa on 17 de fevereiro de 2011 às 00:08 disse...

Por incrível que pareça, caríssima Claudinha, 75% dessas canções citadas no texto realmente tocaram na tal festa ao largo de meu condomínio (numa distância que não incomodava em altura) e foi gostoso como elas se incorporaram ao que tinha em mente para escrever... Os demais 25% foram "liberdade poética" para adaptar os desfechos da crônica!

E largue desse "terrorismo de futuro" com minha pequerrucha das pernas grossas de 8 meses: sei que ela vai crescer, mas nem quero pensar nisso agora... Rs!

Abração!

Magui on 17 de fevereiro de 2011 às 01:55 disse...

Rapaz...Que escritório! Quase acreditei que seria o seu!!
Qt ao repertório, ainda bem que salvaram o seu domingo.Por aqui, coloco minha música em som baixo para não irritar algum vizinho que, por vingança, me obrigue a ouvir Rebolation...

Ilaine on 17 de fevereiro de 2011 às 07:38 disse...

Diberto! Que domingo maravilhoso, pintado por tantas músicas que povoaram as redondezas em festas e em encontros. "Menininha... não cresça" Ah, lindo demais. Bethânia, Chico...Eu, por aqui, quase só ouço MPB, faz parte de meu dia. Então, que sobre poesia, sempre, Dilberto. Beijo

Jens on 17 de fevereiro de 2011 às 21:00 disse...

Oi Dilberto.
Deu vontade de participar da festa. Apesar de estar temporariamente afastado dos prazeres etílicos por questões de saúde, meu gosto musical continua intacto. Assim como o apetite.
Louvo tua coragem em tentar arrumar o escritório. Como bom discípulo de Macunaíma, a última vez que me propus a realizar tarefa semelhante fui fragorosamente derrotado pela indolência, como também parece ter sido o teu caso.
***
Quanto a bela Isabela, não se iluda: ela crescerá.
***
Quanto a 127 horas, estou curioso para ver principalmente a cena em que o cara extirpa o braço, que, segundo soube, fez espectadores australianos sofrerem desmaios, vômitos e até um ataque epilético dentro do cinema. Deve ser bem legal.

Um abraço.

miguel on 18 de fevereiro de 2011 às 18:44 disse...

Caríssimo Dilberto, parabéns, belíssimo escritório, tenho um quarto no apto que não chega a ser um escritório, porém é bem arrumadinho como o seu. Qdo estou de mal com a vida jogo folhas, revistas e livros para cima, e rotineiramente encontro algo que julgava perdido há anos, o que me transforma num ser humano relativamente feliz novamente. Hj foi um daqueles dias, reencontrei o poema "Juca Mulato" de Menotti Del Picchia, estou mastigando-o novamente. Grande abraço, é sempre um grande prazer visitá-lo.

Ruby on 18 de fevereiro de 2011 às 22:04 disse...

Esse ecletismo musical todo é memso coisa de se escuta so mesmo vindo das redondezas, aí tem que se aguentar, mas você faz faxina como eu, em câmera lenta. Dilberto, teu escritório é massa!

Rodrigo & Talita disse...

Realmente é muito bom passar o domingo em companhia de uma boa trilha, bons filmes e afazeres. Melhor ainda é passar o domingo na presença de suas amadas, ajustando os pequenos e grandes detalhes de sua morada (Ah! Como espero um dia estar assim tbm).
Espero que saibas como és abençoado por estar formando uma linda e iluminada família.
Talita e eu somos muito gratos pela amizade e companheirismo as quais vcs nos presenteiam constantemente.
Tudo de bom sempre! E que muitos outros domingos possam se repetir à eternidade.

Abraços!

Canto da Boca on 26 de fevereiro de 2011 às 15:58 disse...

O que poderia ser um dia como outro qualquer, com obrigações e afazeres engolidos pelos dias da semana, sempre cheios, transforma-se num dia prazeroso, recheado por canções, ritmos e poesia de primeira linha, contrariando, é bem verdade, o tradicional domingo de churrasco, feijoada, camaronada, peixada e outras 'adas' brasileiras, com músicas de qualidade duvidosa. Tu nos leva para dentro do contexto, de repente estamos todos no seu escritório, percebendo a necessidade da organização, mas daí as músicas que invadem o ambiente, traz junto uma preguiça e uma vontade de deixar pra depois, porque os sons, impregnam a memória de outras lembranças... E junto contigo, vamos procrastinando, risos.
Crônica maravilhosa Dilberto!

Abraço.

;)

 

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