E hoje, dando continuidade à SEMANA ESPECIAL CHICO BUARQUE, a homenagem vem em dupla face: a primeira, na forma de versos, que rabisquei em homenagem a uma de suas canções mais perfeitas Samba e Amor; a segunda, na forma de depoimento apaixonado de quem trabalhou com o Mestre carioca - Ruy Guerra, diretor no Cinema de duas adaptações da obra de Chico (A Ópera do Malandro e Estorvo).
Samba e Amor, TV, Poesia e Vazio
Vejo televisão, falo ao telefone
Como pão e faço versos
Até mais tarde
E tenho muito sono o dia todo, o tempo todo
Sem o colo da companheira ou o corpo do violão
Me ressinto no ardor da correria do dia
E da profissão,
E tenho um monte de gente
Para quem prestar satisfação
(Especialmente para mim),
Gente que contorna a minha cama
E que reclama de meu quarto fechado,
Abafado
- Por que é tão difícil adormecer
E acordar e renascer...
E em meio ao certo e ao direito
E a minha preguiça tão covarde
Eu tenho é mais poesia que fazer...
(Dilberto Lima Rosa, 2004 Poemas, 2004)
"Parceiro de euforias e desventuras, amigo de todos os segundos, generosidade sistemática, silêncios eloqüentes, palavras cirúrgicas, humor afiado, serenas firmezas, traquinas, as notas na polpa dos dedos, o verbo vadiando na ponta da língua - tudo à flor do coração, em carne viva... Cavalo de sambistas, alquimistas, menestréis, mundanas, olhos roucos, suspiros nômades, a alma à deriva, Chico Buarque não existe, é uma ficção - saibam! Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção."
(Ruy Guerra, cineasta e escritor, outubro de 1998)
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