'Post' carinhosamente dedicado a Isabela,
pelo mês das crianças
e pelos muitos bons desenhos animados
que veremos juntos...
Uma família precursora - Desde o tempo da pedra lascada que convidados ilustres são homenageados em 'sitcoms' norte-americanas, e com o desenho de maior prestígio na década de 60 não seria diferente: na sexta temporada (1965/66) de Os Flintstones, assim como outras personalidades do Cinema (Cary Grant como Cary Granito e Ann-Margret como Ann-Margrock, citando apenas dois exemplos), o astro de então,Tony Curtis, emprestou sua voz e seu rosto de galã para um episódio em que arrancava ciúmes de Fred como "Stony Curtis", lacaio por um dia de Wilma. E, junto ao aniversário de 50 anos dos Flintstones, Tony morreu, aos 85 anos, deixando clássicos absolutos como Quanto mais quente melhor e Spartacus: a ele também este 'post' é dedicado...
Muito antes do sarcasmo de Os Simpsons, outro desenho animado inovador sobre a classe média estadunidense se tornava um dos pioneiros em usar o horário nobre da TV norte-americana com até então inéditos episódios de animação de meia hora: Os Flintstones, genial criação dos mestres William Hanna e Joseph Barbera (animadores calejados dos anos 40, com Tom e Jerry no invejável currículo dos tempos da MGM, por exemplo), completa 50 anos de inteligentes ironias sobre o 'american way of life' passadas na "Era da Pedra Lascada" (impagáveis aquelas tiradas dos dinossauros sendo "explorados" pelos humanos como as "modernas tecnologias" de então - análogas às máquinas dos anos 60 - e reclamando para o telespectador!)...
De 30 de setembro de 1960 até abril de 1966, foram ao ar as primeiras (e melhores) temporadas dos Flintstones, seguidas por variações mais infantilóides nas décadas de 70 (como as séries Bambam e Pedrita, com os famosos filhos já adolescentes, e aquelas cheias de chatos coadjuvantes, como uma inusitada família Monstro como vizinha) e 80 (Flintstones nos anos dourados) - sem mencionar o mais que bobinho filme produzido por Spielberg, de 94! A despeito de quem visse ali apenas uma reciclagem de antigas séries televisivas, uma mistura entre The Honeymooners e os desenhos The Stone Age Cartoons, dos irmãos Fleischer, foram Os Flintstones que se popularizaram mundialmente como um dos mais interessantes e rentáveis desenhos animados da História - tanto que transformaram em fenômeno as precárias animações dos então iniciantes estúdios Hanna-Barbera (onde se repetiam à exaustão cenários de fundo e se reaproveitavam inúmeros gestos e expressões, tal como se dava também com outros clássicos personagens, como Dom Pixote, Zé Colméia, Manda-Chuva e Os Jetsons).
E, tal qual a dupla Laurel e Hardy, O Gordo e O Magro, Fred Flintstone e Barney Rubble foram, sem dúvida, a maior dupla cômica da animação televisiva: fosse enrolando Wilma e Betty para jogar o campeonato estadual de boliche ou para ir a uma reunião honorária do Clube dos Búfalos, fosse entrando em homéricos conflitos de vizinhança pelos motivos mais banais, Fred e Barney viraram ícones do humor de uma geração que cresceu vendo bons desenhos - da qual participei, na rabeira das reprises dos anos 80 em programas como Balão Mágico e TV Criança!
Entretanto, nem tudo sempre foram flores em Bedrock: Fred e Barney já apareceram fazendo comercial para a marca de cigarros Winston, uma das patrocinadoras iniciais do programa! Num momento de vadiagem, os dois machistas: largam as mulheres pegando no pesado e vão dar umas boas tragadas no quintal... Indiscutivelmente, bons e politicamente incorretos tempos que não voltam mais...